segunda-feira, 4 de junho de 2012

Alcantarea imperialis



Este blogue é uma constante fonte de informações e conselhos, em permanente crescimento, com novas espécies de exóticas frequentemente introduzidas e apresentadas todos os meses. Não deixe de visitar e descobrir as novidades com regularidade!



Alcantarea imperialis (Carrière) Harms in H.G.A.Engler, Nat. Pflanzenfam. ed. 2, 15a: 126 (1930).

Este táxon é considerado pelos taxonomistas de Kew Botanical Gardens como um sinónimo de Vriesea imperialis Carrière, Rev. Hort. 60: 56 (1888). Os botânicos classificadores não publicaram ainda qualquer certeza quanto ao número preciso de espécies do género. Muitas são agrupadas ao género Alcantarea enquanto outras espécies são incluídas no género Vriesea. A inclusão do género Alcantarea no género Vriesea é defendido por alguns cientistas, enquanto a criação de um grupo afastado deste último é visto como autêntico por outros. Irá encontrar muita informação sobre a mesma espécie, com ambas designações. Resigne-se, comigo, sobre este capítulo que pouco contribui para o conhecimento acerca do cultivo da planta e avancemos com questões mais práticas.
Tomarei doravante, com a liberdade de escolha que me assiste, a designação não aceite pela escola inglesa mas universalmente utilizada para a sua identidade; Alcantarea imperialis. Deixo as disputas para quem tem como função versar-se sobre a causa, que a mim muito pouco diz respeito. Para além do mais, insisto no uso do nome Alcantarea, por uma outra importante razão; a sua alusão ao Imperador D. Pedro de Alcântara, descendente da coroa portuguesa.
 Por curiosidade, uma referência ao nome desta espécie na toponímia da cidade de Lisboa, junto ao Bairro Alto.






 Em 2007 pequenos exemplares de A. imperialis, com cerca de 25 cms de altura confirmaram excelente rapidez na aclimatação ao clima da região de Lisboa, mais em concreto na costa do Estoril. Ligeiramente protegidas por um alpendre, a queda de temperatura jamais mostrou ser perigosa para o crescimento desta espécie. Estas quatro fotos foram registadas em Caxias, pelo autor da sua própria colecção de bromeliáceas, em 2007.





Este é o grupo de dois exemplares de A. imperialis que em 2 de Agosto de 2009 chegaram à minha colecção com este porte. Estimo que tenham cerca de 5 a 6 anos de idade. Dentro de 3 anos, em 2012, ambos estarão a florir. Fotos registadas pelo autor em Lisboa.





Em 2011 os exemplares já com dois Invernos passados, em Lisboa, ao ar livre demonstraram estar bem aclimatados. Algumas folhas estavam danificadas nas extremidades mas sem gravidade.
Um exemplar de A. imperialis à esquerda e à direita uma Aechmea blanchetiana. (Fotos do autor). Esta foto foi registada a 1 de Janeiro de 2011. Os efeitos das baixas temperaturas apenas são visíveis cerca de um a dois meses depois do ocorrido. Os exemplares poderão passar todo o Inverno com boa aparência mas será na primavera que os sinais dos efeitos destruidores do frio se manifestarão, com pontas queimadas e folhas ressequidas. Desta forma, é na Primavera que a planta terá menos apresentação, ao invés do que seria esperado, por se verificar a subida gradual de temperatura. Este processo é muito característico de todas as espécies exóticas cultivadas fora do seu ambiente natural e revela-se pouco explicado bem como analisado, para que seja encontrada uma resposta a este comportamento.
Veja-se o mesmo exemplar cerca de 3 meses depois, na foto captada a 4 de Abril de 2011. No Inverno desse ano, registaram-se dias com temperatura bastante baixas, em torno dos 5ºC, no mês de Janeiro e Fevereiro. As folhas somente revelam desgaste 2 a 3 meses após a vaga de frio ter ocorrido, já com a estação primaveral ter tido início.





As fotos que se seguem pertencem a um dos dois exemplares de Alcantarea imperialis da minha colecção que floriram. Este foi o que revelou o crescimento da haste floral mais tarde. As fotografias foram tiradas a 4 de Junho de 201,2 excepto a última foto tirada a 17 de Junho de 2012 onde se vê o rápido desenvolvimento em cerca de duas semanas.
A última imagem foi captada a 17 de Junho de 2012.






O início do aparecimento das flores a 3 de Julho de 2012.





O conjunto de fotografias que seguem reportam-se ao primeiro exemplar da minha colecção particular que floriu. Observe a evolução no desenvolvimento acelerado da floração. As fotos foram registadas pelo autor em Lisboa.


Estas três imagens foram colhidas a 13 de Maio de 2012. A haste floral começa a desvendar das flores que irão despontar dentro de semanas. Fotografias do autor registadas em Lisboa.
 Em baixo, nas quatro fotos seguintes registadas a 26 de Maio de 2012, as primeiras flores mostram-se.



A 4 de Junho de 2012 as flores amarelas estão perfeitamente visíveis e exuberantes.



Estas fotos mostram com bastante nitidez a simplicidade das flores da Alcantarea imperialis.


Seguem-se as imagens que acompanham o crescimento deste exemplar registadas a 19 de Junho de 2012.





Cerca de um mês depois, a 22 de Julho, as flores estavam todas polinizadas. Foto do autor.





 A 14 de Agosto, as sementes iniciavam a fase de amadurecimento. Foto do autor.

As sementes finalmente estavam prontas para recolha. Mais tarde, tentei uma sementeira com as centenas que a planta produziu, no entanto, resultaram em estéreis para meu desagrado. (foto do autor)

Esta é, indiscutivelmente, uma das mais fascinantes espécies exóticas cultivadas em Portugal. O gigantismo e a forma escultural únicos desta planta confere-lhe um lugar destacadíssimo no jardim tropical, muito utilizada no paisagismo no continente americano e ainda relativamente pouco conhecida no nosso país e na Europa.

Ainda relativamente rara de conseguir um único exemplar em Portugal, é possível encontrá-la em alguns sítios na internet que a disponibilizam a preços razoáveis. No entanto, serão sempre indivíduos pequenos ou muito pequenos que em nada dificultarão a sua introdução no clima litoral português. Na verdade, as regiões de toda a costa portuguesa são indicadas para o seu cultivo. A espécie é muito conhecida pela sua admirável capacidade de suportar a agressiva salinidade do litoral ocidental nacional. O vento tão pouco irá afectar a planta e mantém-se firme com rajadas bastante fortes. Esta mostra uma boa resistência ao frio e às correntes de ar de norte. Por precaução, deverá protegê-la da insistência destas correntes, abrigando-a ligeiramente entre outras plantas de porte mais alto, para que não corra o risco de vê-la desaparecer.
Deste modo, desde Viana do Castelo até Vila Real de Santo António, é possível ter um extraordinário exemplar de Alcantarea imperialis. A referência geográfica da linha costeira de Portugal continental indicada para o cultivo desta espécie, tem como orientação, cerca de 5 a 10 km para interior a partir do mar. Não obstante a A. imperialis suportar o efeito destruidor da formação de geada, esta ocorrência não poderá ser constante nem sequer consecutiva, isto é, 2 ou 3 dias seguidos com geada, resulta na sua morte. A experiência de outros horticultores europeus afirma que consegue suportar temperaturas negativas até um ou dois graus. É um facto que eu não corroboro uma vez que esta situação meteorológica não ocorre na faixa litoral do continente de Portugal. Viveiros que se dedicam ao comércio de bromeliáceas na Austrália, afirmam que existe uma variedade, a Alcantarea imperialis cv. 'Purpurea' em particular, capaz de suportar temperaturas até -3ºC, desde que não esteja sujeita ao efeito directo da geada. Curiosamente a variedade rubra não tem a mesma característica ou vantagem. Ambas são muito semelhantes e frequentemente confundíveis.

As três fotos mostram exemplares da A. imperialis cv. 'Purpurea'. (Fotos não do autor)

Exemplares de Alcantarea imperialias cv. 'Rubra'. A semelhança entre as duas variedades é notória e levanta a questão da utilização de nomes comerciais para plantas cuja designação científica é, com muita regularidade, incorrecta e portanto não aceite. (Fotos não do autor)
Em baixo as fotos da minha autoria reportam-se a exemplares identificados no Jardim botânico de São Paulo, no Brasil, como A. imperialis cv. 'Rubra' e datam de 2008


A mesma identificação foi atribuída a este exemplar registado em 2011 no Jardim botânico de Porto Alegre, no estado mais a sul do Brasil. A variedade 'Rubra' surge com frequência, quer em jardins particulares como públicos daquele país e é tida como designação largamente aplicada quer por jardins de carácter científico como em viveiros de plantas ornamentais.

Os exemplares jovens não apresentam a mesma tolerância que os exemplares adultos. Ela é nativa de zonas de altitude até os 1500 m, o que justifica alguma tolerância ao frio do continente português. Para maior surpresa de todos, esta espécie não precisa de nenhum cuidado depois de estabelecida, isto é, após ter tido sucesso na sua adaptação ao novo meio onde for cultivada. Não é propensa a doenças, pragas ou aos efeitos da instabilidade climatérica. Em resumo e conclusão, é uma espécie extremamente fácil e indicada para iniciáticos no cultivo de plantas exóticas tropicais no exterior, com resultados muito rápidos, compensadores e motivadores.

Nativa das regiões de altitude do estado do Rio de Janeiro, em particular na Serra dos Órgãos, perto de Teresópolis, é encontrada nas mesmas áreas onde crescem outras três espécies de Alcantarea, a A. nahoumii, A. glaziouana e a A. regina. Na própria cidade do Rio de Janeiro, no morro do Pão de Açúcar, são vistas interessantes concentrações de populações em forma saxícola [1]. No seu meio natural, esta extrordinária planta consegue fixar-se em locais rochosos num ângulo espantoso de 90º, ou seja, imagine um jardim vertical a partir de onde, exemplares de A. imperialis, desenvolvem-se como que projectados de uma parede. Nestas situações, a planta recolhe os nutrientes por meio da água que conserva no tanque, designação  que se dá ao centro formado pelo imbricamento das folhas em roseta. Ali mantém um reservatório de água que atrai insectos e, no seu habitat natural, batráquios. Este grupo de animais acaba por fornecer os nutrientes que alimentarão a planta, pelos dejectos que produzem. Folhas e poeiras trazidas pelos ventos, depois de decompostos contribuirão para garantir a sua sobrevivência. Eficiente no aproveitamento da água, não pode jamais privar-se de conservar água no referido tanque. É sobretudo através dos tricomas foliares, estruturas existentes nas suas largas folhas, capazes de recolher os nutrientes que precisa para se alimentar. As raízes têm como função principal a sustentação ou fixação ao suporte quer seja o solo, se tiver um desenvolvimento terrestre, quer seja rupícola, se apresentar um desenvolvimento epífito. Assim, a planta sobrevive mesmo se lhes forem cortadas as raízes, recorrendo ao reservatório de água, rico em nutrientes, retida no centro das suas folhas. Não obstante as suas raízes terem um papel importante na absorção de nutrientes, estas não crescem proporcionalmente à dimensão da planta. Poderá espantar-se com o tamanho imponente de um exemplar dotado de um sistema radicular relativamente pequeno.
Os exemplares terrestres são sempre de maiores dimensões que os epífitos. Em Portugal será muito improvável que venham a surgir plantas saxícolas, dado que estas, de uma maneira geral, têm de ser colocadas enquanto muito jovens ou inclusive de germinar já no suporte onde se manterão durante toda a sua vida; rochas, muros ou troncos de árvores. A falta de humidade, em particular durante os meses de Verão, reduz fortemente as hipóteses de sobrevivência das plantas com este comportamento. O cultivo no solo, para além de alargar as garantias de êxito de sobrevivência, promete sempre exemplares de maior porte e longevidade. Se no seu caso obtiver exemplares comprados pela internet, estes serão de reduzidíssimo tamanho, geralmente com 5 cms e indicados no cultivo como epífitos em pedaços de cortiça, madeira não tratada, troncos de árvores ou - o mais aconselhado - nos caules de fetos arbóreos, tal como a Dicksonia antartica, o mais comum hospedeiro nas regiões de origem da bromélia ou noutros géneros muito conhecidos em Portugal como a Cyathea sp. Em ambas as situações, a bromélia não terá grande hipótese de crescer até à sua maturidade completa, uma vez que são plantas de grande dimensão e os fetos que lhes servem de hospedeiro, não terão capacidade de suportar o peso das Alcantarea. O caso da Cyathea sp. é sobretudo de evitar pelas características do seu caule muito delgado. Acresce ainda o facto de, nestes episódios, as plantas de Alcantarea imperialis colocadas nos caules de fetos arbóreos, necessitarem de atmosferas de elevada humidade. Sintra e a costa a norte do Cabo Raso preenchem estas condições. Noutros locais litorais de Portugal continental, há que criar microclimas húmidos para satisfazer e suprir esta componente importante no cultivo como epífita. Um pátio sombreado ou um canteiro protegido do vento, beneficiando de baixa intensidade solar e com maciços de plantas arbustivas mantêm índices elevados de humidade relativa no ar.
Estas extraordinárias fotos foram captadas em Janeiro de 2007 pelo autor, no Jardim Botânico de São Paulo, Brasil. Mostra-nos como, no seu meio natural, pequenos exemplares de A. imperialis nascem com comportamentos epífitos. Bem adaptados a este desenvolvimento, encontram nos fetos arbóreos, excelentes suportes para germinar. Porém, dada a sua extrema dimensão quando adultos acabam por não ter um pleno desenvolvimento nestas situações. No território português é possível a construção de um cenário semelhante em exemplares de Dicksonia ou Cyathea. A grande dificuldade reside na manutenção de elevados índices de humidade relativa para que as pequenas plantas de A. imperialis, sobrevivam e se desenvolvam.
 Em baixo, o exemplar que produziu sementes germinadas no caule da Dicksonia antartica.

Os comentários que poderei fazer sobre esta espécie recaem principalmente na sua belíssima haste floral. Pode esperar ver crescer uma haste até três metros de altura. O seu desenho exótico é muitíssimo elegante e de cor vermelho forte, assim como as suas brácteas. As flores estilizadas de tom pálido amarelo têm um ligeiro perfume, de acordo com as descrições feitas por outros autores. Os exemplares da minha colecção pessoal que chegaram a florir, em ambos os casos, não produziram flores com qualquer fragrância. São efémeras mas surgem em grande número. Despontam após a maturidade do exemplar que é atingido sensivelmente aos dez anos de vida. As fotos publicadas são todas de dois indivíduos que possuo e que floriram dentro desse prazo esperado.
As flores de cor amarela, surgem na Primavera-Verão, são auto-polinizadoras [2] e, portanto, produzem sementes que poderão ser semeadas como meio de propagação. No habitat natural, cada haste floral apresenta entre 400 a 600 flores e uma vez todas fertilizadas, produziriam a quantidade impressionante de 80,000 a 200,000 sementes. A média é muito flutuante, mas para nós, europeus, o que importa será conseguir que produza sementes férteis.  Existem relatos de exemplares de A. imperialis cultivados na Europa que atraem abelhas, as quais completam o processo de polinização. A floração manter-se-á por um período aproximado de 6 meses.
Uma vez que a planta floresça tem o seu ciclo de vida em contagem decrescente e morrerá logo após a formação das sementes. Geralmente não desenvolvem nenhum rebento lateral na base da planta que assegure a sua sucessão e, lamentavelmente, esta planta fascinante desaparece sem nos oferecer um substituto visível. Nem sempre se trata de uma regra, porém é infrequente alterar este comportamento. Os rebentos laterais quando surgem brotam em largo número na base da planta mãe, e, quase sempre, durante uma fase em que o exemplar materno não atingiu sequer a sua própria maturidade.
A experiência pessoal, vem contrariar estas descrições, já que o meu exemplar, depois de florir, desenvolveu 3 rebentos somente. Levou um ano após a morte da haste floral para o surgimento dos pequenos rebentos na base da planta mãe. Por esta razão, deverá sempre manter a planta até que as folhas centrais tenham terminado o seu ciclo de vida. Não retire jamais as novas plantas até que estas atinjam uma dimensão que confirmem a sua autonomia. Este processo levará cerca de um a dois anos, em que deverão estar ligados à planta mãe, ainda que seca.
 Em cima e em baixo, fotos do autor, em Agosto de 2013. O exemplar da colecção do autor, logo após terem sido removidas as folhas inferiores da base já mortas. A cor branca indica que os pequenos rebentos estavam protegidos da luz pelas folhas. Agora desenvolver-se-ão durante cerca de dois anos até estarem prontos para a separação da planta mãe. Este processo é moroso e delicado e requer as condições climatéricas ideais, que acontece no final da Primavera.

A aparência é muito distante da planta mãe, assemelha-se a um conjunto de ervas, ou folhas com forma de cabelos despenteados, pelo que deverá ter o máximo de atenção de modo a não removê-las inconscientemente. Aqui poderá estar o único meio de multiplicação do seu exemplar e não perca esta oportunidade.
A separação dos pequenos rebentos exige uma manobra delicada para não afectar a planta mãe enquanto os filhos devem trazer, pelo menos, uma raiz. É aconselhável esperar que os pequenos brotos tenham 10 cms de altura. O sucesso na replantação dos propágulos é muito elevado desde que seja providenciado um composto de húmus com terra de jardim, mantido húmido em permanência a uma temperatura moderada. Escolha o final da Primavera para este procedimento e, mesmo que as pequenas plantas tenham tido um bom desempenho durante o Verão, proteja-as no Inverno seguinte. Somente no segundo ou terceiro ano, estarão capazes de sobreviver durante a estação fria, no exterior. Se optar pela sementeira, terá de ser paciente e cumprir com o seguinte procedimento; prepare um composto com PH de 7,1 com partes iguais de terra, areia, cascas de pinheiro, de acácia e serradura decomposta, bem trituradas, turfa e por fim adicione vermiculite. [4] As cascas devem ser demolhadas durante dois dias para que os compostos fenólicos e as toxinas sejam diluídas e eliminadas.
Irão levar 20 a 30 dias para germinar e deverão permanecer 6 meses até serem transplantadas para estimular o seu desenvolvimento. Permanecerão outros 6 meses até serem novamente transplantadas para vasos individuais quando chegarem aos 5 a 7 cms de altura. A partir desta fase, as plantas estão preparadas para atingirem dentro de 2 anos os 25 cms e poderão ser livremente colocadas no exterior. Ainda jovens, verá crescer filhos na base lateral da planta principal que podem ser separados e replantados. Ao replantar qualquer exemplar, não enterre demasiado. A base das folhas deve estar sempre acima da superfície do solo ou correrá o risco de ver apodrecer o seu exemplar. No caso de grandes bromélias, utilize tutores para segurar até se encontrar plenamente estabelecida no solo.

 Foto do autor registada no Jardim botânico de Porto Alegre, sul do Brasil, em 2011. As fotos que se seguem em baixo foram todas registadas no Jardim botânico de São Paulo, também no Brasil, em 2008, pelo autor.

Tal como qualquer bromélia, esta espécie é igualmente acaule, ou seja, não forma naturalmente um caule excepto se for forçada a tal. No jardim a tendência é de proceder a uma limpeza das suas folhas secas removendo-as, acto que estimula o desenvolvimento de novas folhas acelerando o seu crescimento em altura. Como consequência, muitos indivíduos ganham altura com a formação de um caule induzido.



Esta imagem exemplifica como o corte das folhas inferiores e a remoção das folhas secas, estimulam a formação de um caule. (Foto não do autor)



A disposição das folhas em roseta estão de tal forma imbricadas que retêm a água no centro, agindo como um reservatório onde a planta recolhe os nutrientes de que necessita para se alimentar. A este reservatório dá-se o nome de tanque e deverá estar permanentemente com água, não necessariamente limpa. A degradação e decomposição da água serve de alimento à planta. A cada rega manual ou chuva, a água será renovada e novos nutrientes arrastados até ao tanque, como musgos, líquenes, húmus, poeiras ou outros detritos orgânicos, os quais deverão ser deixados repousar na água. Insectos serão atraídos para depositar os seus ovos e as larvas que nascerão contribuirão para alimentar a planta com os seus dejectos. Este é o ciclo natural das bromeliáceas de grande porte como a Alcantarea imperialis e alguma do género Aechmea. O diâmetro poderá chegar aos 1,5 m, o que revela a imponência majestosa desta espécie. Conceda-lhe espaço no jardim para que atinja uma boa dimensão. São raros os exemplares na Europa, no entanto, se cultivadas directamente na terra e num canteiro espaçoso, pode ver a sua planta a ganhar tamanho rapidamente aproximando-se do porte daquelas encontradas na América do Sul.
As folhas são de grandes dimensões, rígidas e coreáceas, ligeiramente cerosas cuja cor oscila entre o verde-escuro, um tom arroxeado e o vermelho. Comercialmente são vendidas com os nomes de variedade 'rubra' para os exemplares avermelhados e variedade 'purple' ou 'purpurea' para os exemplares arroxeados, designações sem qualquer fundamento científico e sem qualquer garantia de que esteja a adquirir uma planta que mantenha aquela tonalidade até ao fim da sua vida como nos seus descendentes. Nos circuitos comerciais existe um enorme apetite para diversificar a oferta, sem, porém, haver consubstancialidade científica para tal. Atribui-se livremente nomes para aumentar o número de vendas.
Não existe ainda explicação para a enorme versatilidade desta espécie em produzir exemplares verdes e outros vináceos, vindos da mesma planta mãe, seja por sementes, seja por divisão de filhos ou clones. Também não existe uma confirmação para determinar a coloração final de cada indivíduo, dado que, aparentemente, cada um demonstra a sua verdadeira cor, dimensão e forma após 3 ou 4 anos de vida. As condições e local de cultivo são igualmente determinantes e condicionantes destes factores. De uma maneira geral, a exposição ao sol directo, torna-a vináceas. Porém existem exemplares que se mantêm verdes também debaixo destas condições como se pode confirmar com as seguintes fotos. No mesmo local, alguns indivíduos são ligeiramente avermelhados e outros plenamente verdes.
 Em cima e em baixo, fotos do autor de 2014, no Corcovado, Rio de Janeiro.

Neste outro exemplo, todas as pequenas plantas conservam um verde vivo, não obstante estarem expostas ao sol extremo e intenso que incide sobre este terraço particular fotografado no Rio de Janeiro.
Fotos do autor datadas de 2007

 A característica comum em todos os exemplares de Alcantarea imperialis, é a base das suas folhas com um aspecto ceroso. Isto distingue-as com alguma segurança da outra espécie A. glaziouana, com a qual por vezes é confundida, sobretudo nos casos em que exemplares de A. imperialis são cultivados em locais privados de luz solar suficiente e as suas folhas adquirem um aspecto lanceolado ou demasiado esguio, tal como sucede na espécie A. glaziouana. Repare no exemplar da foto em baixo, no canto superior direito que pertence à espécie A. glaziouana.


 Estas duas fotos exemplificam a deformação que as folhas de A. imperialis sofrem quando expostas a insuficiência de luz solar. Neste caso, o exemplar é cultivado em estufa no Jardim botânico de Frankfurt, o famoso Palmgarten. Estreitamento e flacidez da folhagem levam, com frequência a ser confundida com a A. glaziouana. Fotos do autor datadas de 2007




Note-se nestes dois exemplares como é difícil confirmar quais as condições que determinam a coloração de cada exemplar. Ambos encontram-se lado a lado, debaixo da mesma exposição solar e com a mesma idade. Fotos tiradas em 2007 no Jardim Botânico de São Paulo pelo autor.


O sol a que estamos habituados, sobretudo desde as regiões costeiras de Lisboa até ao Algarve, é intenso durante o período de Verão, naturalmente com índices de UV muito elevados, mas também durante o Inverno, com as suas folhas a reagirem muito activamente, tornando-se mais rapidamente vermelhas que, inclusivamente, na estação quente. Não é sintoma de queimadura mas um processo reactivo da planta relativamente à luz. Queimaduras solares podem afectar a planta se esta for bruscamente relocalizada de uma zona sombria para sol directo. Um período de transição e adaptação deve ser cumprido. Qualquer que seja a época, o impacto das suas cores vibrantes no jardim torná-lo-á singular e raro. É esta a mais-valia desta espécie num projecto paisagístico.

A composição do terreno é muito alargada, crescem em praticamente qualquer tipo de solo, com favoritismo para os arenosos, desde que humedecido permanentemente e com uma drenagem exímia. Esta é, talvez, a única exigência para que o seu exemplar sobreviva. Aceita qualquer tipo de adubo, sendo o foliar o mais indicado com resultados muito surpreendentes. O crescimento é acelerado e o porte aumenta. Por consequência o ciclo de vida é mais curto visto que a haste floral surge mais cedo. O colorido vináceo das suas folhas poderá perder-se com a fertilização periódica. Jamais coloque qualquer tipo de fertilizante no tanque de água. Prefira um granulado depositado ao redor da base da planta sem tocar nas suas folhas ou raízes, ou aspirja dissolvido em água. O excesso de adubo pode provocar queimaduras. As pontas das folhas ressequidas são sintomáticas desta condição.

Uma atenção especial deve ser verificada quando se cultiva exemplares em vasos ou canteiros demasiados estreitos. As folhas envelhecidas vão formando uma saia em torno da base da planta. A acumulação de folhas secas impede que a rega chegue ao interior do vaso ou, no caso dos canteiros, junto às suas raízes. Lentamente estas morrem por desidratação e a planta perde a sua fixação ao solo. Este episódio não perturba o crescimento da planta, dado que continuará a receber o alimento através da água na roseta central. Aparentemente não há sinais da situação de perigo mas as consequências podem levar a danos sérios, pois com um porte demasiado grande ou sob o efeito de vento forte, poderá tombá-la sem que consiga repô-la na sua posição inicial. Quando o exemplar desponta a sua haste floral torna-se ainda mais vulnerável. Recomendo a remoção das folhas da base da planta para que o composto em torno das suas raízes esteja permanentemente húmido e as raízes possam manter a planta em equilíbrio.

Esta espécie está referenciada na categoria climática do USDA [3], como sendo pertencente à zona 10a  (-1.1 °C a 1.7 ºC), uma referência climática abaixo daquela determinada para a cidade de Lisboa. Qualquer exemplar desta espécie suporta um extremo de frio tão baixo na zona litoral de Portugal, visto que esta situação ocorre de um modo geral muito raramente.


Em nenhum viveiro do nosso país encontrará venda de Alcantarea imperialis. A mesma situação estende-se por todos os viveiros europeus e a única forma de aquisição é recorrer a uma encomenda pela internet. Seguem-se os sítios onde poderá escolher o seu exemplar;





http://www.michaelsbromeliads.com/HyperCart/Catalog.asp

http://s250652357.e-shop.info/shop/catalog/browse?shop_param=shop_overview_pager%3D3%26cid%3D8%26

Nestes viveiros encontrará inúmeras designações, atribuições de variedades únicas, cultivares incontáveis, particularidades raras, mas, na verdade, não vão além de simples exemplares de Alcantarea imperialis, todas iguais na identidade e classificação, porém, com aparências muito diferentes entre si como característica mais importante desta espécie. Cada exemplar tem a sua própria imagem, aspecto ou personalidade se assim puder referir-me. De seguida, listo uma série de nomes utilizados comercialmente para exemplares desta espécie: (nota: nenhuma foto é do autor)

Alcantarea cv. 'Ajax'

Alcantarea cv. 'Black Cinder'



Alcantarea cv. 'Gladys'


Alcantarea cv. 'Helenice', uma forma variegata da variedade rubra


Alcantarea (regina x imperialis)


Alcantarea cv. 'Silver Plum'


Alcantarea cv. 'Skotak'


Alcantarea cv. Tarawera' (A. imperialis x A. vinicolor)


Alcantarea  cv. 'Visconde de Maua'



Alcantarea cv. 'Whyanbeel'

Etimologia: o nome deste género é uma homenagem ao segundo imperador do Brasil, D. Pedro de Alcântara (1825-1891) também conhecido por D. Pedro II do Brasil.

Referências bibliográficas;
http://registry.bsi.org/  Bromeliad Cultivar Register in Bromeliad Society International.

http://fcbs.org/  Bromeliad Encyclopedia Florida Council of Bromeliad Societies


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1. Saxícola ou rupícola refere-se ao comportamento no seu desenvolvimento, fixando-se em pedras ou muros.
2. Auto-polinização ou polinização directa é a transferência do pólen da antera para o estigma da mesma flor, situação pouco comum e que apenas ocorre quando a planta é hermafrodita.

3. USDA ou United States Department of Agriculture, através do departamento de pesquisa agrícola elabora anualmente uma carta onde assinala as zonas climáticas divididas por classes ou categorias. Servem de referência para o cultivo das espécies numa determinada localização, sempre baseado nos registos de temperaturas mínimas absolutas colhidas num período específico. A carta tem uma escala dividida em 12 zonas que por sua vez são subdivididas em classe ‘a’ e ‘b’.

4. A vermiculita ou vermiculite é um mineral que pode absorver até 5 vezes o seu peso em água. Usado como condicionador de solos na horticultura, é um veículo e contentor para nutrientes, insecticidas, fungicidas e herbicidas, evitando a eliminação destes pelo arrasto causado pela queda forte de chuva ou irrigação. Assim funciona como isolamento da superfície do solo preparado para sementeiras e retentor de água em solos permeáveis, como os arenosos.



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