domingo, 22 de abril de 2012

Philodendron hederaceum


Este blogue é uma constante fonte de informações e conselhos, em permanente crescimento, com novas espécies de exóticas frequentemente introduzidas e apresentadas todos os meses. Não deixe de visitar e descobrir as novidades com regularidade!







Philodendron hederaceum,  Philodendron scandens, Philodendron cordatum 


São inúmeras as espécies de Philodendron de que gosto. Tenho prestado muita atenção aos cuidados que exigem quando cultivados ao ar livre e não deixo de experimentar cada vez mais espécies pouco comuns entre nós. Este é mais um caso. Contudo, ao aventurar-me no género, aventuro-me numa interminável teia de opiniões, discórdias, conclusões, classificações e confusões sobre a identificação de uma espécie, que na verdade, ainda me custa perceber como designá-la. Os taxonomistas não se entendem e eu, tão pouco serei autoridade para identificar. O que sei sobre a espécie a qual mostro na foto resulta de muitas observações feitas in loco, na América do sul, desde a Venezuela até à Argentina, passando por muitos estados brasileiros. O que investiguei sobre a espécie deixou-me bastante seguro em lançar a minha convicção sobre a sua classificação. Creio com muita certeza que o exemplar da foto, exemplar que cultivo em Lisboa, se trata de um Philodendron hederaceum.

Não é meu propósito questionar as classificações feitas por taxonomistas, autores eruditos ou botânicos reconhecidos, nem levantar celeuma no assunto. Por essa razão, irei assinalar os 3 táxones mais vulgarmente aplicados para esta espécie e considerá-los pela popularidade, que, tanto viveiristas, horticultores como botânicos, fazem no uso nessas mesmas 3 classificações.

Há certos autores que asseguram com absoluta certeza, a ideia exactamente contrária àquela que defendo. Dizem, portanto, que o nome vulgarmente atribuído a esta espécie é P. cordatum, designação considerada errada por consequência pela maioria, a qual eu concordo. Fontes sobejamente seguras confirmam que se trata de P. hederaceum, enquanto, por outro lado, os horticultores e produtores de plantas ornamentais recorrem à classificação de P. scandens, um sinónimo de P. hederaceum, segundo as atribuições da base de dados elaborada por Kew Botanical Gardens. Parece que somente neste ponto existe consenso entre todos.

A argumentação na controvérsia para a sua identificação assenta na variabilidade das suas folhas, muito díspares e por vezes tão diferentes que levam alguns autores a crer tratar-se de outra espécie. Um coleccionador de plantas norte-americano utilizou uma descrição muito assertiva e simultaneamente engraçada para explicar a plasticidade na aparência desta espécie. O Philodendron hedreaceum surge-nos com diferentes caras dependendo do lugar onde cresce na floresta tropical húmida, na mesma forma que as pessoas têm características faciais distintas em todo o globo. Os sinónimos acumulam-se e a polémica arrasta-se há, imagine-se, cerca de 180 anos… mas estes não são elementos conclusivos para a divisão em várias espécies uma vez que a base assenta nas características sexuais que são idênticas em todos os indivíduos, ainda que com aparências distintas. Em conclusão, apenas existe uma espécie para a totalidade das variações do Philodendron hederaceum e todos os demais nomes são sinónimos.

Seja quem for que detém a classificação certa, esta é sem dúvida a segunda espécie de Philodendron mais conhecida e cultivada.

 

Philodendron hederaceum, foto registada na Estufa Fria de Lisboa em 2011 pelo autor.

 

 

Philodendron hederaceum, foto registada na Estufa Fria de Lisboa em 2011 pelo autor.

 

 

Philodendron hederaceum, foto registada na Estufa Fria de Lisboa em 2011 pelo autor. O comportamento desta espécie na natureza é extraordinário, pois procura árvores de grande porte acabando por cobrir todos os seus ramos e ramificações, a partir de onde pendem os longos caules do Philodendron. Matas inteiras cobertas por um emaranhado de intermináveis caules desta espécie trepadora, são muito característicos em regiões tropicais da América do Sul.

 

 

 

Philodendron hederaceum como planta ornamental numa zona urbana da cidade de São Paulo. Foto registada pelo autor em 2009.

 

 


Este exemplar faz parte de um conjunto que tenho no meu jardim particular em Lisboa. A foto data do princípio do Inverno de 2011-2012.

 



A mesma planta da imagem anterior, em pleno crescimento trepando pela parede que lhe serve de suporte. O Philodendron hederaceum provou ser uma espécie tropical totalmente adaptável aos climas menos rigorosos de algumas zonas litorais de Portugal continental. Foto do autor.

 

 

 

O exemplar fotografado em 2012, após ter atravessado um Inverno rigoroso e frio. Provou ser bastante resistente às adversidades daquela estação, uma vez que nenhuma folha mostrou sinais de queimaduras ou secura.

No Verão de 2013, a planta desenvolveu-se rapidamente e procurou suporte quer nas plantas adjacentes , quer na cobertura do apartamento. Tem, neste momento, a aparência de um exemplar a entrar na fase adulta, com ramos robustos e diversas gemas laterais. 

Este exemplar encontra-se num outro jardim, em Lisboa, e foi fotografado em Agosto de 2013.  Plantada uma pequena planta, no final do ano de 2011, precisou de ser conduzida para que conseguisse apoiar-se na parede. Esta primeira fase, é delicada para as plantas desta espécie, já que mostram pouca capacidade para fixar-se a um suporte. A tendência é de facultar-lhe um tutor, tal como a maioria das plantas são apresentadas no mercado. Porém, essa técnica não permite ao exemplar desenvolver-se até a um estado adulto, visto que não encontra um suporte fixo. Assim, nunca irá chegar a essa fase, se se encontrar naquelas condições de cultivo. Deste modo, aconselho muita preserverança e conduzir os pequenos e débeis ramos da planta num suporte fixo, como uma coluna ou parede, para que, uma vez agarrada possa produzir com todo o vigor as suas belíssimas folhas adultas.
(Foto do autor).

 

Esta planta, adquirida num viveiro de plantas, pertence à mesma espécie de Philodendron hederaceum, comentada na foto anterior, porém possui ainda folhas juvenis e ligeiramente diferentes do outro exemplar que possuo. A variação natural é típico da família das Araceae, ou aráceas, e da sub-família das aróideas, este comportamento confunde o observador no momento de identificar a planta, uma vez que se trata da mesma espécie com apresentações distintas. Assim como o género humano tem somente uma espécie, o Homo sapiens, existem diversas variações dentro da espécie humana.

 

 

 

 

Philodendron hederaceum (Jacq.) Schott, Wiener Z. Kunst 3: 780 (1829).

A distribuição geográfica desta espécie é bastante extensa no continente americano e segue desde o México, América Central, Caraíbas (Martinica e Trinidade) até às regiões do nordeste brasileiro, Bolívia e Peru, no seu limite mais meridional.

Tem como sinónimos:

 

A origem tropical desta espécie não constitui um impedimento na aclimatação em regiões da Europa meridional. Na verdade, a planta pode ser encontrada em zonas de montanha até os 1200 metros. Alguns autores asseguram que é possível descobri-la no seu habitat natural até os 1500 metros sobre o nível do mar. Ora, esta versatilidade permite adaptá-la a áreas de Portugal continental mais amenas, já que suporta temperaturas ocasionais substancialmente baixas, desde que fugazes. 


Exemplo do disformismo foliar comum nesta espécie. (Foto não do autor)
Em baixo, foto do autor, de um exemplar plantado no início do Verão de 2012, em que se notam as folhas jovens de cor vinácea para além do disformismo foliar.

 




Esta situação ocorre com alguma regularidade e de acordo com o lugar onde a planta cresce. Resulta numa enorme dificuldade, por alguns, em reconhecê-la como Philodendron hederaceum. A questão assenta na justificação simples de que a variação de cor ou forma natural das folhas não são factores suficientes para a ciência considerar uma nova espécie. Os botânicos designam esta particularidade de variação natural e ocorre ao final de bastantes anos distanciando-se de outro comportamento, a morfogénese. [1] A juntar-se às características variáveis do Philodendron hederaceum, poderá acontecer que o indivíduo perca o aspecto aveludado por completo ao tornar-se um a planta madura, a ponto de impedir que seja reconhecida como pertencente a esta espécie. Noutras situações, alguns exemplares apresentam uma cor arruivada ou vinácea na página inferior das folhas quando jovens, condição que desaparecerá à medida que a planta for envelhecendo. A controvérsia está portanto justificada, a confusão instalada e a identificação dificultada.

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1. A morfogénese vegetal é definida como a dinâmica de geração e expansão da forma da planta no espaço (LEMAIRE; CHAPMAN, 1996).
Na floresta tropical húmida a morfogénese sucede em variadíssimas espécies e em particular no género Philodendron, o qual pertence à sub-família das aróideas. Neste grupo, a variação de folhas é extremamente vulgar e explica-se pelo ajustamento do indivíduo ao meio onde cresce. As folhas são a identidade do exemplar, apesar de não entrarem como elemento classificador, ou seja, a classificação não assenta senão nos órgãos sexuais da planta e, portanto, diferentes formas de folhas do Philodendron hederaceum, não implica pertencer a espécies diferentes. Esta particularidade poderá ser difícil de aceitar mas resulta de dois pontos: a variação natural e a ontogenia. A ontogenia debruça-se sobre o processo natural de mudanças observadas durante o ciclo de vida de qualquer planta e que se traduzem, a exemplo, na alteração que as folhas jovens sofrem quando atingem a maturação até ao seu estado completamente adulto. A terminologia morfogénese é aplicada, porém a designação científica é, na verdade, ontogenia.
A variação natural é um processo mais lento e traduz-se na ciência quando um organismo vivo não é constante na sua aparência, diferenciando-se das características gerais da sua espécie, sem deixar de pertencer à mesma, através de alterações nas suas características físicas. Esta variação poderá ter causas ligadas à localização geográfica do exemplar assim como factores ambientais, como intensidade da luz, nutrientes disponíveis ou situações de doenças e infestação. Neste caso, a resposta da planta a estes factores através de uma alteração física das suas folhas, é denominada de plasticidade fenotípica (consiste na capacidade dos organismos de alterar a sua fisiologia ou morfologia de acordo com as condições do ambiente). Um único indivíduo pode apresentar as duas situações em simultâneo; a variação natural e a ontogenia.



Esta interessante fotografia tirada em 2009 na cidade de São Paulo, num pequeno viveiro de plantas, mostra a maturação das folhas do P. hederaceum. Algumas folhas apresentam o desenho de juvenis enquanto outras apresentam o recorte das folhas perfeitamente adultas. Ocasionalmente, na natureza, sucedem estas situações que antevêem um exemplar com muita idade e dimensão, dificilmente introduzido ou encontrado no mercado de ornamentais.



Em baixo, uma série de registos do autor, em que podemos observar esta espécie na natureza com um comportamento semiespontâneo. As fotos de 2014, mostram exemplares adultos no Bosque dos Jequitibas, uma reserva da floresta semidecídua do Planalto, na área urbana de Campinas, Estado de São Paulo, Brasil.




As fotos seguintes datadas de 2012, do Jardim Botânico de Porto Alegre, no sul do Brasil, também do autor, mostram exemplares cujas folhas plenamente formadas e perfeitamente adultas, encontram-se sempre nas ramagens com comportamento trepador, geralmente na copa mais alta das árvores que lhes servem de hospedeiro. 






Quando tocam no solo, vindas dos ramos do hospedeiro, ou quando se desenvolvem sobre o solo, as folhas adoptam de imediato um tamanho menor e forma mais redonda, mesmo se o ramo inicial ostente folhas adultas e perfeitamente triangulares. O exemplo da foto, mostra esta variação típica desta espécie.



A variação das folhas é ainda evidente nos ramos mais próximos ao solo, pendentes ou trepadores, com folhas de dimensão reduzida e arredondada. Repare nas fotos que se seguem:





Nesta fotografia conhecemos uma outra variação das folhas do Philodendron hederaceum, num exemplar com alguma idade, onde percebemos uma forma distinta das folhas dos indivíduos mais jovens. (Foto não do autor)




Sendo uma planta trepadora, deverá dar-lhe total liberdade para usufruir plenamente deste seu comportamento natural. Ainda que cresça rapidamente não serve como trepadeira de coberturas, treliças ou pérgolas, uma vez que não tem um carácter fechado. Escolha um canteiro junto a uma parede, facto que aumenta a protecção durante o Inverno contra as correntes de ar frio assim como aumenta a temperatura diurna e nocturna, pela retenção de calor na referida parede. É uma espécie dentro das várias do género Philodendron mais fácil de conduzir, mesmo que o crescimento dos seus ramos não tenham gavinhas, ou seja, estruturas que servem para as plantas se fixarem num determinado suporte, como o Parthenocissus. Sendo assim, a planta tende a encostar sobre superfícies, troncos, muros e até janelas recorrendo às suas raízes aéreas que literalmente se colam ao suporte onde se encontram. Os caules são muito flexíveis e tendem a quebrar-se com facilidade quando forçados. As referidas raízes nascem ao longo dos ramos a partir de nós bem visíveis e uma vez removidas do local onde estão agarradas, perdem totalmente essa função. Demorará bastante até que novas raízes desempenhem o papel das anteriores. Por esta razão, a planta não deve ser incomodada uma vez plantada em local definitivo. Lembre-se ainda que ficarão marcas dos resíduos das raízes que sustentavam a planta à parede, por isso, faça uma escolha acertada quando decidir cultivá-la no seu jardim. Nas áreas tropicais da América central e do Sul, de onde o Philodendron hederaceum é oriundo, as plantas crescem com tremendo vigor alcançando o topo das grandes árvores das florestas húmidas, pendendo depois até ao nível do solo onde voltam a desenvolver raízes terrestres. Este belíssimo cenário não é possível em Portugal continental, todavia. Quando bem desenvolvida e bem estabelecida, nas zonas bastante amenas do litoral da Costa do Estoril, Caparica, Algarve e zona urbana de Lisboa, tenderá a crescer com os seus ramos compactados, algo densos e muito rasteiros ao seu hospedeiro, como reacção a climas mais frios. Em zonas climáticas mais susceptíveis de dias de frio intenso, esta espécie sobreviverá razoavelmente se cultivada em locais mais abrigados, como alpendres ou debaixo de sacadas. Não poderá jamais sofrer o efeito de geadas nestas regiões do país. Poderemos atribuir-lhe a zona climática 10b (1,7º C a 4, 4º C). [2]
Quando cultivada como planta ornamental em países de clima tropical é, com frequência, utilizada no preenchimento do terreno, de um canteiro ou de um talhão, aquilo a que naqueles países chamam de planta de forração. Pessoalmente creio, ao que tudo indica, que é possível esta aplicação no nosso país, desde que cresça protegida por outras plantas envolventes. Outros exemplares de porte arbustivo agem como barreiras contra a força do vento que poderia danificar a estabilidade do P. hederaceum, para além de criar meia sombra. Desta forma, o arranjo paisagístico ganha bastante personalidade, com as ramagens entrelaçadas e densas, rasteiras ao chão elevando apenas as folhas e os ramos terminais em busca da luz solar. O efeito é de elevado interesse estético, uma vez que não temos o costume de apresentar estas ornamentais com esta disposição, fugindo assim ao hábito de dispor as espécies tropicais tal como nos chegam dos viveiros.
No mercado, esta espécie é comercializada enrolada num tutor disfarçando a beleza da planta quando o maior interesse está precisamente no facto de pender graciosamente os seus ramos depois de trepar num suporte artificial, como um muro ou parede, ou natural, como uma árvore de grande porte. No meio natural, esta espécie não necessita de composto para crescer. Porém apenas sobreviverá como epífita em regiões muitíssimo húmidas e relativamente quentes, o que não será o caso do nosso país.

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2. USDA ou United States Department of Agriculture, através do departamento de pesquisa agrícola elabora anualmente uma carta onde assinala as zonas climáticas divididas por classes ou categorias. Servem de referência para o cultivo das espécies numa determinada localização, sempre baseado nos registos de temperaturas mínimas absolutas colhidas num período específico. A carta tem uma escala dividida em 12 zonas que por sua vez são subdivididas em classe ‘a’ e ‘b’.

 

A multiplicação desta espécie é a sua grande vantagem, já que é com enorme facilidade e rapidez com que enraíza através do método de estaquia, [3] mergulhia [4], alporquia [5] e no seu habitat natural por semente. Neste ambiente esta espécie é considerada uma hemiepífita [6] e a germinação por semente acontece somente na natureza.
Ao longo dos longos caules da planta vão-se formando pequenas raízes aéreas que facilitarão o enraizamento em caso de separação da planta mãe. Contudo, nos métodos mais seguros de mergulhia e alporquia, o corte em contacto com a terra húmida induz ao desenvolvimento das raízes enquanto os nutrientes essenciais são mantidos pela parte  intacta do caule. Desta forma não perderá a muda. O ambiente húmido e quente em estufa aquecida acelera espantosamente o enraizamento. Este é, indiscutivelmente, o lado mais aliciante desta planta.
Poderá ainda retirar um pequeno ramo cortando-o abaixo de um nó de uma folha, remover as folhas inferiores desse mesmo ramo e colocá-la em água que rapidamente criará raízes. Se preferir os métodos acima descritos, faça-o durante os meses mais quentes do ano, sem nunca esquecer que o composto tem de permanecer bastante húmido e bem drenado. No caso de desejar propagar a sua planta durante o Inverno, coloque a muda num composto de turfa e argila expandida. Prefira um vaso de barro poroso. Deposite-o dentro de um saco de plástico e feche-o com um atilho. Escolha um local bem iluminado com luz solar indirecta. A humidade criada no seu interior forçará o enraizamento em poucos dias. Quase notará diariamente o crescimento da muda. Lembre-se que somente deverá retirar o plástico quando a planta tiver um bom sistema radicular. A passagem para um ambiente menos húmido e quente irá fragilizar a planta pelo que não descuide a assiduidade na rega. O vaso poroso que agiu como absorvedor de humidade, agora terá o efeito contrário e facilitará a evaporação de água velozmente. Transplante-a apenas quando o composto estiver saturado de raízes. A cultura em vaso é apenas recomendada para propagação. Esta é uma espécie que exige ser reenvasada a cada dois anos sob pena de perder muita da sua beleza e dimensão.

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3. A estaquia consiste no método de reprodução assexuada de plantas em que se plantam pequenas estacas de folhas, caules, raízes ou ramos num ambiente indicado para que se desenvolvam novas plantas.
4. A mergulhia é outro método de multiplicação assexuada em que se dobram ramos da planta mãe a fim de enterrá-los na terra. Poderá fazer-se um pequeno golpe na área a enterrar a fim de estimular o crescimento de novas raízes.
5. A alporquia é semelhante ao tipo de propagação anterior, porém o ramo com o corte parcial é mantido fora do contacto com o solo mas envolvido com um composto de húmus e musgo e fechado com um plástico devidamente amarrado.
6. Hemiepífitas são plantas com duas fases distintas de vida; são capazes de iniciar o seu ciclo de vida no solo, como terrestres, numa primeira fase de crescimento quando a semente germina e posteriormente se desenvolve como trepadeira, geralmente num tronco de uma árvore que lhe servirá de suporte (Harrison et al. 2003).
Ou são capazes de começar a sua vida com um comportamento epífito, germinando no tronco do seu hospedeiro e ao desenvolver-se cria longos ramos que atingem o solo, estimulando o enraizamento, tornando-se terrestre (Ribeiro et al. 1999).
De um modo geral não são parasitas mas poderão causar a morte do exemplar que lhe serve de suporte cobrindo-a por completo, competindo pelo acesso à luz solar acabando por fragilizar o forófito, isto é, o seu hospedeiro.
Sendo assim o termo hemiepífita reserva-se somente para plantas que fazem transição de fase de vida epífita para terrestre, ou vice-versa dependendo da espécie (Putz & Hoolbrook 1986). Cada um dos comportamentos no decorrer da vida da planta geralmente tomará o lugar do outro, ou seja, se a vida da planta começa no solo e se desenvolve como epífita, acabará por deixar de ser terrestre e o contrário.


O Philodendron hederaceum é muito apreciado como planta de interior por não precisar de muita luminosidade para crescer. No caso dos exemplares cultivados no exterior, dever-se-á escolher um local bastante luminoso ou até mesmo soalheiro. O risco de queimaduras poderá acontecer. No entanto, é preferível essa situação a expô-la durante o Inverno num local sombrio, factor que fragilizará a planta durante os meses mais frios e chuvosos.


 


O terreno deve ser fértil e bem drenado para que suporte regas bastante frequentes. A humidade do ambiente é um aspecto que beneficia muito a aparência da planta ainda que tolere alguns períodos de secura pontuais e pouco duradouros. O amarelecimento da folhagem é indício de que a água não está a ser convenientemente escoada. Em casos após situações de seca, esta espécie consente excesso de água sobretudo durante os meses quentes do ano. Esta prática permite aumentar a humidade relativa da atmosfera envolvente, que muito favorecerá o seu desenvolvimento.
Em jardim e debaixo das condições climatéricas do nosso país será improvável que venha a florescer. Apenas os exemplares maduros e com bastantes anos estão capazes de produzir flor. Em estufa, como acontece com o exemplar existente na Estufa Fria de Lisboa, poderá ver a sua inflorescência, pouco interessante em uma ou outra ocasião rara.


A espécie é tóxica como a maioria dos Philodendron, provocando irritações na pele, comichão, inflamações cutâneas e em casos de ingestão, com consequências mais gravosas, os sintomas são náuseas, discurso distorcido, inchaço da boca e garganta e sensação de queimadura quando em contacto com a boca e os olhos.


O nome científico deriva do grego Philo, apreciador ou aquele que gosta de e dendron, árvore, numa alusão ao comportamento da maioria das espécies que são hábeis trepadoras. O epíteto específico hederaceum, significa com forma de folha de Hedera.

Existem três variedades de Philodendron hederaceum, que serão analisadas seguidamente. Philodendron hederaceum var. hederaceum, Philodendron hederaceum var. kirkbridei e Philodendron hederaceum var. oxycardium.





Referências bibliográficas;

Harrison, R. D.; Hamid, A. A.; Kenta, T.; La Frankie, J.; Lee, H.; Nagamasu, H.; Nakashizuka, T.; Palmiotto, P. 2003. The diversity of Hemi–epiphytic figs (Ficus; Moraceae) in Bornean lowland rain forest. Biological Journal of Linnean Society 78, 439- 455. in Aspectos florísticos e ecológicos de um estrato hemiepífítico lenhoso em uma floresta de terra firme na Amazónia Central, André Luís dos S. Zecchin1, Ana Cristina S. de Andrade, José Eduardo L. da S. Ribeiro, Henrique Nascimento, Projecto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazónia, Manaus, Departamento de Botânica, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazónia, Manaus
LEMAIRE, G.; CHAPMAN, D. Tissue flows in grazed plant communities. In: HODGSON, J; ILLIUS, A.W. (Eds.) The ecology and management of grazing systems. Wallingford: CAB International, 1996. p.3-36. in MORFOGÊNESE DE GRAMÍNEAS NATIVAS SOB NÍVEIS DE ADUBAÇÃO NITROGENADA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO,
Juliana Medianeira Machado, Santa Maria, RS, Brasil, 2010

Lorenzi, Harri; Moreira de Souza, Hermes. Plantas Ornamentais no Brasil, arbustivas, herbáceas e trepadeiras. Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda, Nova Odessa, São Paulo, 2001






Putz, F.E. & Holbrook, M. 1986. Notes on the natural history of hemiepiphytes. Selbyana 9: 61-69. in Aspectos florísticos e ecológicos de um estrato hemiepífítico lenhoso em uma floresta de terra firme na Amazónia Central, André Luís dos S. Zecchin1, Ana Cristina S. de Andrade, José Eduardo L. da S. Ribeiro, Henrique Nascimento, Projecto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazónia, Manaus, Departamento de Botânica, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazónia, Manaus


Ribeiro, J.E.L. da  S.; Hopkins, M.J.G.; Vicentini, A.; Sothers, C.A.; Costa, M.A. da S.; Brito, J.M. de; Souza, M.A.D. de; Martins, L.H.P.; Lohmann, L.G.; Assunção, P.A.C.L.; Pereira, E. da C.; Silva, C.F. da; Mesquita, M.R.; Procópio, L.C. 1999. Flora da Reserva Ducke: Guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra-firme na Amazônia central. Manaus, INPA-DFID. in Aspectos florísticos e ecológicos de um estrato hemiepífítico lenhoso em uma floresta de terra firme na Amazónia Central, André Luís dos S. Zecchin1, Ana Cristina S. de Andrade, José Eduardo L. da S. Ribeiro, Henrique Nascimento, Projecto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazónia, Manaus, Departamento de Botânica, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazónia, Manaus



De seguida debruçar-me-ei sobre as variações naturais ou cultivares mais conhecidos que induzem sobretudo os floricultores a assumirem-nos como espécies diferentes dada a aparência tão diferente da espécie P. hederaceum. Na realidade, é natural que formas tão distintas convençam pertencer a uma única espécie. Refiro novamente que nenhum dos exemplares exibidos é considerado uma espécie diferente e todos pertencem à mesma espécie válida, Philodendron hederaceum. Todos os nomes que possam surgir são meros sinónimos.






Philodendron hederaceum var. hederaceum. (não tem referência aos taxonomistas)

 

 

É oriundo do México até às regiões tropicais do continente sul-americano e tem como sinónimos os seguintes táxones;


Uma vez que o Philodendron scandens é sinónimo de P. hederaceum var. hederaceum, irei analisar as propostas de P. scandens apresentadas no mercado. Eis alguns exemplos dos cultivares mais populares e acessíveis nos viveiros para que melhor compreendamos o que estamos a comprar;

Não obstante o facto de o Philodendron scandens ‘Brasil’ ser um cultivar, de acordo com a classificação de Kew Botanical Gardens, disponível através do World Check List of Selected Plant Families, o táxon P. sacndens é um sinónimo de P. hederaceum var. hederaceum. Alguma discórdia assenta nesta questão já que outros autores consideram o Philodendron ‘Brazil’ um sinónimo de Philodendron hederaceum e defendem que se trata somente de mais um exemplo de variação natural. Eu vou seguir a directriz de Kew e comentar esta espécie integrada no P. hederaceum var. hederaceum.

Vendido como Philodendron Brazil, aparece igualmente etiquetado como Philodendron scandens ‘Brasil’, Philodendron scandens, Philodendron cordatum, Philodendron scandens mediopictum, Philodendron acrocardium, Philodendron micans, entre outras designações incorrectas mas que sugerem espécies diferentes entre si e, por tal razão, os produtores de ornamentais vêem neste truque aumentar a diversidade de plantas que colocam no mercado. As folhas emergem com tons de verde-claro, amarelado e verde-escuro enquanto juvenis. Quando o exemplar amadurece as folhas gradualmente tornar-se-ão verde-escuro e perdem a característica multicolor que tinham.




Estas fotografias são ilustrativas do cultivar desenvolvido no Brasil. O nome válido destes exemplares é Philodendron hederaceum var. hederaceum. É conhecido e vendido como Philodendron ‘Brazil’. (Fotos não do autor)


A cor vinácea de alguns dos seus ramos e o colorido das folhas são atractivos que iludem o comprador a crer que se trata de uma espécie diferente. Porém, quando o exemplar crescer e se tornar adulto, por efeito da ontogenia e variação natural, perderá lentamente as duas características tornando-se, muito provavelmente, unicolor. (Foto não do autor)


Esta é a apresentação dos exemplares tal como são introduzidos no mercado e apresentados nos viveiros ao consumidor. Porém, como foi explicado no início, esta espécie deverá ter liberdade de crescimento a partir do solo para que se descubra toda a beleza da planta como trepadeira ao alcançar plena maturação. (Foto não do autor)



Um exemplar do chamado Philodendron 'Brazil' na foto em cima do lado direito e por baixo um Epipremnum aureum 'Neon', muito semelhante ao cultivar de Philodendron, o qual surge com o nome de 'Aureum', 'Aurea', Gold' e 'Lime', aqui registados numa foto de Fevereiro de 2012. Ambos cultivados no exterior pelo autor.


Para que não fique com dúvidas enumero algumas pistas que o ajudarão a identificar correctamente os dois géneros: Repare no desenvolvimento das folhas novas do Philodendron. São sempre protegidas por um catafilo, ou seja, uma folha reduzida que envolve a gema que irá despontar numa nova folha. De uma forma simples, repare numa pele translúcida que contém a próxima folha que virá a nascer. Quando esta folha nasce, a pele é rasgada, resseca, torna-se castanha e cai. No género Epipremnum, os catafilos são inexistentes.
Outra forma de separar os dois géneros está na observação cuidada das folhas juvenis. No Epipremnum, as folhas são ligeiramente dobradas a partir da nervura central e vistas de frente tomam a forma de 'V', enquanto as folhas do Philodendron são achatadas ou direitas em toda a sua superfície.

As folhas quando em estado juvenil têm formato de coração com dois tons de verde. Os exemplares com folhas de tom verde-claro a prateado são conhecidos pelo nome de Philodendron aureum ou áurea. Vendido com os nomes de Philodendron scandens aureum, Philodendron Áurea, Philodendron Gold, entre outros, tem como táxon válido Philodendron hederaceum var. hederaceum.

Este é o exemplo de Philodendron Áurea, de folhas mais claras, em que as mais recentes nascem com uma cor verde muito tenra e luminosa, escurecendo à medida que vão envelhecendo. De acordo com Harri Lorenzi, este cultivar foi o ponto inicial da selecção que deu origem ao cultivar ‘Brasil’. (Foto não do autor)

 

(Foto não do autor)

 

(Foto não do autor)

 

Philodendron 'Gold', tal como surge quer nas páginas da internet, quer em alguns viveiros, sugerindo uma terceira espécie incorrectamente. A classificação exacta é Philodendron hederaceum var. hederaceum. (Foto não do autor)


Philodendron hederaceum cv. Hoffmannii, como é por vezes designado, é apreciado pela sua resistência em ambientes menos húmidos. (Foto não do autor)

As fotos que se seguem demonstram a discordância a que o leitor se vê submetido quando busca informação sobre esta espécie na internet. O resultado é sempre pouco esclarecedor uma vez que cada produtor defende um nome aplicado a um exemplar que o distingue pela sua aparência e não pela identificação correctamente baseada na sexualidade da planta. Sendo assim, veja-se como neste exemplo são designados os mesmos nomes atribuídos a plantas cuja aparência é visivelmente diferente;

Philodendron scandens Mediopictum em cima e em baixo Philodendron scandens Aureum. A identidade válida para ambos os exemplares é Philodendron hederaceum var. hederaceum, já na forma desenvolvida e a atingir a maturação, quando as folhas adquirem uma cor uniforme, perdem os diversos tons que apresentavam enquanto juvenis e dessa forma comercializados como espécies distintas. Os nomes incorrectos de Philodendron scandens mediopictum em cima e em baixo Philodendron scandens aureum, foram atribuídos por um produtor de ornamentais norte-americano. (Fotos não do autor)






As quatro fotos anteriores correspondem a um cultivar conhecido pelo nome comercial de Philodendron scandens ‘Tricolor’. Esta designação é inválida e sinónima de Philodendron hederaceum var. hederaceum. Tem ainda como sinónimos os nomes não aceites de Philodendron isertianum e Philodendron micans. Muito rara na Europa, serve a informação fotográfica, igualmente difícil de conseguir, para melhorar o conhecimento sobre os cultivares desta espécie. Um alerta para certos horticultores que comercializam esta planta como Philodendron erubescens 'Pink Princess'. É muito difícil identificar correctamente os cultivares e chegar a um consenso quando confrontados com tremenda informação contraditória disponibilizada pela internete, quer publicada em obras.(Fotos não do autor)



Philodendron hederaceum var. hederaceum é vendido como Philodendron scandens variegata Medio-picta. Facilmente confundível com o cultivar do Epipremnum aureum 'Marble Queen' e 'Jade and Marble', distingue-se destes pelos seus ramos mais delgados e mais tenros. (Foto não do autor)

Philodendron scandens variegata Medio-picta, tal como surge identificada nos circuitos comerciais, tem o nome válido de Philodendron hederaceum var. hederaceum. O comportamento desta planta é idêntico ao P. hederaceum var. hederaceum ‘Brasil’, tornando-se lentamente unicolor, com um tom escuro no verde das suas folhas quando adultas. Este processo poderá demorar muitos anos e tem pouca probabilidade de vir a acontecer no clima de Portugal continental. Mais frágil que a espécie natural, é sensível às temperaturas baixas constantes. As folhas em pouco tempo exibem queimaduras sofridas pelo efeito do frio. Quando cultivada com alguma protecção os ramos mantém-se saudáveis e despontarão logo que a temperatura se elevar. É particularmente sensível a uma drenagem deficiente, com grande risco de apodrecer. Tem menor resistência a períodos de secura, uma vez que é comercializada como planta juvenil e com maior debilidade. As suas raízes deverão ter uma cor branca intensa, como indício de uma exemplar saudável. Esta informação é aplicável às diversas variedades ou cultivares disponíveis nos viveiros portugueses.



Identificada como Philodendron scandens micans, este exemplar assim comercializado tem como nome válido Philodendron hederaceum var. hederaceum. A variação natural desta espécie leva a crer que se trata de uma espécie à parte, situação que não é verdadeira. (Foto não do autor)




Philodendron hederaceum var. kirkbridei Croat, Ann. Missouri Bot. Gard. 84: 463 (1997).







Nativa desde as regiões da Costa Rica ao Equador, não se conhecem sinónimos para esta espécie.







Philodendron hederaceum var. oxycardium (Schott) Croat in R.H.A.Govaerts & D.G.Frodin, World Checklist Bibliogr. Araceae: 388 (2002).


Esta é a segunda variedade aceite, oriunda do México tropical até às Honduras e tem como sinónimos as seguintes designações;



As fotos seguintes demonstram exemplares de Philodendron hederaceum var. oxycardium e confirmam a extrema dificuldade em reconhecer esta variedade em particular das anteriores. Todas as fotos não são do autor.
Surgem no mercado como Philodendron scandens ssp. oxycardium, nome incorrecto e que lança muita confusão quando interessa identificá-la correctamente.
Por vezes é comercializado como Philodendron cordatum, táxon igualmente errado. Esta designação é válida, contudo, refere-se a uma outra espécie cuja aparência é distinta.




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