segunda-feira, 16 de abril de 2012

Philodendron burle-marxii

 

Este blogue é uma constante fonte de informações e conselhos, em permanente crescimento, com novas espécies de exóticas frequentemente introduzidas e apresentadas todos os meses. Não deixe de visitar e descobrir as novidades com regularidade!

 

 

Philodendron burle-marxii G.M.Barroso, Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 15: 93 (1957).

(Foto não do autor)


Philodendron burle-marxii,uma foto do autor tirada em 2011 no Fairchild Botanical Gardens em Miami, Estados Unidos da América.



Philodendron burle-marxii, um maciço em pleno sol nos jardins de Pine Crest Botanical Gardens, Miami, EUA. Foto do autor datada de 2011.


O meu exemplar de Philodendron burle-marxii, o qual acabou por desaparecer após um período de frio intenso observado durante o Inverno de 2011-2012. (Foto do autor)


Planta rara em Portugal, acidentalmente encontra-se em colecções particulares e fora dos circuitos comerciais. Não é tolerante ao clima de Portugal continental como as outras espécies de Philodendron mais populares entre nós. Tenho nesta espécie em particular um cuidado muito especial já que pouca informação existe disponível para cultivá-la ao ar livre em climas mais amenos na Europa do sul. A minha experiência com esta planta não tem tido êxito e com muita facilidade perco os exemplares que testei durante o Inverno de Lisboa.

Não obstante alguns autores classificarem-na dentro da categoria climática do USDA [1], como sendo pertencente à zona 10b (1.7 °C a 4.4 ºC), a referência climática para a cidade de Lisboa, não creio que qualquer exemplar desta espécie suporte um extremo de frio tão baixo.
A zona 11a (entre 4.5 °C a 7.2 ºC) e a zona 11b (entre 7.2 ºC e 10 ºC), ainda provocam danos consideráveis nas suas folhas. Tendem a amarelecer lentamente sem demonstrar queimaduras. Com o passar do tempo vão-se perdendo e o conjunto emaranhado de caules fica despido de folhagem. Os caules sob o efeito do frio secam e morrem sem qualquer sinal de aviso e a planta estará condenada a perder-se. Este momento inesperado pode ser causar muito desalento, uma vez que aparentemente a planta parece manter-se, mas já está irremediavelmente perdida antes de ser possível recuperá-la. Por conseguinte, esta espécie apenas tolera temperaturas mínimas englobadas na zona climática 12a (entre 10 ºC a 12.8 ºC), um patamar muito elevado para qualquer região de Portugal continental. É absolutamente inevitável recolher os exemplares para zonas protegidas e aquecidas durante o Inverno.


________________________________

1. USDA ou United States Department of Agriculture, através do departamento de pesquisa agrícola elabora anualmente uma carta onde assinala as zonas climáticas divididas por classes ou categorias. Servem de referência para o cultivo das espécies numa determinada localização, sempre baseado nos registos de temperaturas mínimas absolutas colhidas num período específico. A carta tem uma escala dividida em 12 zonas que por sua vez são subdivididas em classe ‘a’ e ‘b’.



Sugiro que seja colocada no exterior somente no final da Primavera, a partir do mês de Maio, depois de passar o risco de queda de granizo, muito expectável nos últimos dias deste mês. Esta ocorrência meteorológica é muito danosa para o Philodendron burle-marxii e todo o cuidado deve ser tomado ao localizá-la no exterior. Um alpendre virado a sul, sem a incidência de ventos frios, é a escolha mais acertada. Esta espécie suporta bem sol directo nas primeiras horas e no final do dia, ou meia sombra.

Tal como a maioria dos Philodendron, a seiva desta espécie é particularmente agressiva para a pele, pode provocar reacções alérgicas e muito tóxica se ingerida.

Aprecia regas abundantes e muita humidade. As folhas não deverão ficar secas por muito tempo, devem estar limpas de pó e poeiras de modo a garantir uma planta saudável. O composto bem enriquecido tem de proporcionar à planta uma excelente drenagem. Escolha uma mistura de turfas, musgos e fibras de palmeira comprimidas e devidamente atadas em formato de bola. Deposite este conjunto num prato e plante o exemplar por toda a superfície. As suas raízes crescerão rapidamente e irão consolidar o substrato. Não precisará de transplantar a planta no futuro, desde que acrescente na água da rega um bom fertilizante foliar. A planta viverá por muito tempo neste suporte criando harmonia entre as folhas e os caules literalmente deitados sobre prato.

Em climas relativamente quentes é muito utilizada como planta para cobrir o solo. Demonstrou ser muito resistente a períodos de seca, porém perde naturalmente bastante a sua graciosidade. Não cresce em altura nem tem capacidade de trepar em qualquer tipo de suporte.

Classificada como Philodendron burle-marxii, uma espécie que ocorre naturalmente em regiões tropicais da América do sul, entre a Colômbia, Equador e o norte do Brasil, é frequentemente identificada como um cultivar, e nesta circunstância surge com o nome  de Philodendron cv. 'Brule Marx'. Homenageia o paisagista brasileiro renomado, Roberto Burle Marx, que iniciou a aplicação desta espécie da floresta húmida brasileira no paisagismo, dando-lhe protagonismo e atenção do mundo.


As fotos não são do autor e foram retiradas do sítio
http://www.plantcreations.com/ground_covers.htm


Belíssimo exemplar registado em fotografia por mim, na cidade de São Paulo, em 2011. Aqui podemos reparar no excelente desenvolvimento da planta com longos caules promissores de uma boa trepadora. Faltou-lhe neste caso o apoio para esse desenvolvimento.

Em baixo, um registo do autor, de uma colónia de Philodendron burle-marxii em estado selvagem e origem semiespontânea, nas pedras da zona de São Conrado, na cidade do Rio de Janeiro.




O nome científico deriva do grego Philo, apreciador ou aquele que gosta de e dendron, árvore, numa alusão ao comportamento da maioria das espécies que são hábeis trepadoras. Por curiosidade, esta não é uma das espécies com essa capacidade.


Quem quiser colaborar com sugestões, imagens ou informações que contribuam para o enriquecimento deste sítio, poderá enviar para exoticascultivadasemportugal@hotmail.com

1 comentário:

  1. Olá, as plantas que vemos nas fotos não são da espécie Philodendron burle-marxii, que é uma outra planta, com folhas muito longas e estreitas, sem "orelhas", originária do Amazonas. O que vemos nas suas fotos é o Philodendron sp 'Burle Marxii', uma espécie ainda não descrita, originária da região Sudeste do Brasil. Abaixo deixo um link sobre o Philodendron burle-marxii:
    http://www.aroidpictures.fr/GENERA/PHILODENDRONA-L/philoburle-marxii.html
    Abraços!

    ResponderEliminar