Este blogue é uma constante fonte de informações e conselhos, em permanente crescimento, com novas espécies de exóticas frequentemente introduzidas e apresentadas todos os meses. Não deixe de visitar e descobrir as novidades com regularidade!
Mais uma
bromélia nativa do Brasil, desde o sudeste do estado da Bahia até aos
territórios do sul, na região leste de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Interessantíssima
pela sua dimensão e pela sua inflorescência, a qual chega facilmente, no seu meio natural, aos 2 metros
de altura e por outro lado pela grande resistência ao frio. Estes factores
conferem-lhe uma plasticidade muito grande no que repeita aos diversos climas onde poderá
ser cultivada no exterior em Portugal continental. Veremos mais tarde
fotografias que comprovam a sua rusticidade.
Prefiro
falar, antes de mais, dos sinónimos conhecidos para este táxone e que evitam
confusões aquando da sua aquisição ou procura de informações. Eis os sinónimos
listados pela base de dados de Kew Royal
Botanic Gardens;
Vriesea reticulata (Baker) Mez in C.F.P.von Martius
& auct. suc. (eds.), Fl. Bras. 3(3): 557 (1894).
É o
último sinónimo que me interessa particularmente analisar já que com muita
frequência, surge esta identificação em literatura botânica bem como circula no
mercado o nome Vriesea gigantea var. seideliana. Na realidade,
esta designação é um sinónimo de Vriesea
gigantea e as variedades que se conhecem ou aparecem comercializadas com
formas, tamanhos e padrões diferentes da original, efectivamente são
cultivares.
No Brasil,
são consideradas válidas 2 variedades: Vriesea gigantea Gaudich.
var. gigantea e Vriesea gigantea var. seideliana
Roeth. Ambas não são aceites pela comunidade internacional. Todavia,
deixo a citação e a informação que fundamenta esta classificação: Forzza,
R.C., Costa, A., Siqueira Filho, J.A., Martinelli, G. 2010. Bromeliaceae in
Lista de Espécies da Flora do Brasil.
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB006472).
As mais
recentes informações provenientes de estudos feitos por investigadores e botânicos
brasileiros apontam para que a Vriesea
gigantea também tenha o estado do Rio Grande do Sul, no extremo sul do
Brasil, como região de onde é nativa. Ora este pressuposto assegura a sua
tolerância ao frio e, por conseguinte, permite o seu cultivo no exterior em
toda a faixa litoral portuguesa. Alguns exemplos por mim fotografados confirmam
esse facto, já que nos locais onde a encontrei cultivada registam temperaturas
assaz baixas.
Este exemplo de uma
extraordinária planta, cresce subespontânea no arvoredo a cerca de 2140 metros
de altitude, no Cerro El Avila, uma
montanha que circunda a cidade de Caracas, na Venezuela. Foto de Dezembro de
2011, do autor.
Ao caminhar pelo ponto mais alto
desta montanha, uma lápide confirma a altitude onde nos encontramos, ali
colocada a propósito da construção de um hotel. (Foto do autor)
Embora
Caracas, a capital da Venezuela esteja próximo do equador, o clima que ali se
faz sentir é tropical de altitude. As temperaturas podem baixar
significativamente e repentinamente, enquanto o céu se encontra quase sempre encoberto.
Nevoeiro é muito frequente e não se registam geadas. Por outro lado, o sol é
muito intenso, uma vez que nos encontramos numa latitude próxima dos 0º. É esta
a grande diferença entre um clima onde a temperatura pode baixar aos 0ºC nos
trópicos e o clima da região de Lisboa ou até mesmo no Algarve. Quando o sol
aqui se faz sentir em pleno Inverno, não consegue aquecer o ambiente como nas
zonas tropicais de altitude e o resultado é um menor número de dias quentes ou
até mesmo bastante quentes, durante a estação fria.
A mata é composta
maioritariamente por Casuarina equisetifolia
e o ambiente enevoado é muito regular. Foto do autor de 2010.
Em cima e em baixo, uma pequena
planta de Vriesea gigantea
desenvolveu-se, a partir de semente, sobre o braço de um tronco de uma árvore. A
intensa humidade e o frio, são condições muito favoráveis para esta espécie.
Foto de Dezembro de 2012 do autor.
Para que tenhamos uma boa noção
da grandeza das montanhas que envolvem a cidade de Caracas, repare-se na parede
verde, quase sempre debaixo de intenso nevoeiro ou nebulosidade. Caracas já se
encontra entre os 800 a 1000 m de altitude, com a zona história a cerca de 900
m de altitude. O ponto mais alto desta montanha chega aos 2159 m no Pico El Avila. (Foto não do autor).
Em baixo, um extraordinário exemplar fotografado em Março de 2012, no Jardim Botânico de Porto Alegre, o estado mais meridional o Brasil, onde durante o mês de Agosto do mesmo ano, correspondente ao Inverno naquela latitude, as temperaturas desceram até ao 1º C por alguns dias. O frio intenso não perturba o desenvolvimento desta interessantíssima planta. Foto do autor.
Em baixo, o exemplar esquecido no Jardim Botânico do Porto, onde cresce debaixo de vegetação muito densa, a qual levanta sérias dificuldades à sua sobrevivência. A planta apresenta já folhas demasiado lanceoladas, sintoma de pouca exposição solar, facto que a prejudica fortemente. Fotos do autor de Janeiro de 2007.
A fotografia seguinte mostra o
mesmo exemplar em Setembro do mesmo ano. Fotos do autor.
Repare como o exemplar luta pela
procura de sol, elemento determinante principalmente nesta região do país, em que
o número de horas de sol é escasso. Esta foto do autor foi registada em Abril
de 2010 e confirma a idade adulta da planta, fase propícia para produzir a sua
magnífica inflorescência, porém, sob estas condicionantes, será incapaz de
florir. Um exemplo a evitar. Penso que os responsáveis daquele espaço
desconhecem a existência de uma Vriesea
gigantea na sua colecção, pelo que merecia melhores cuidados e atenção. Em baixo, um outro exemplar da colecção do autor, fotografado em 2011, em que a densidade de plantas vizinhas impede a planta de receber a luminosidade necessária. Devido a esta condicionante, as folhas modificam a sua aparência e tornam-se mais estreitas e lanceoladas. Outra característica desta espécie é a diversidade de aparências e desenhos das suas folhas. Esta situação vem confundir enormemente a sua identificação, pelo que apenas um experiente conhecedor o fará com segurança.
As
imagens que se seguem mostram um exemplar de Vriesea gigantea plantado no exterior num jardim particular em
Barcelona. O indivíduo que o plantou comentou o seu estado após ter passado vários
Invernos no exterior, como tolerante às condições típicas da estação fria
naquela cidade catalã. Na verdade, as temperaturas mínimas absolutas são muito
aproximadas às cidades do norte de Portugal, como Viana do Castelo, Porto e até
Braga, o que pressupõe mais um testemunho favorável no sucesso quando
escolhemos esta espécie como planta de exterior. Transcrevo as suas palavras, no
comentário ao tema das bromélias resistentes ao frio, redigidas em francês, uma
vez que o fórum de conversação tem origem em França:
Acheté il y a 5 ans chez Ikea et devenant trop imposant, je l'ai planté en
pleine terre il y a environ 4 ans, à l'abri d'arbres. Il a supporté des degrés
proches de 0°c sans en être affecté, alors qu'il est donné pour zone 10. Sa vie est comptée car il vient de faire une hampe
florale. Il devrait faire de nombreux rejets, comme toutes les broméliacées qui
fleurissent.
Comprada há cerca de 5
anos no Ikea, tornou-se demasiado grande pelo que decidi plantá-la num canteiro
há 4 anos, num local protegido pelo arvoredo. Suportou temperaturas próximas dos
0ºC sem danos, pois é considerada uma planta para a zona 10. Em breve morrerá
já que acaba de lançar a sua haste floral. Deverá ainda
formar rebentos laterais como a maior parte das bromeliáceas depois de terem
florido.
Em cima e em baixo, exemplar
cultivado num jardim particular, em Barcelona. Foto não do autor, retirada de
um fórum de conversação sobre jardinagem.
O
exemplar do Jardim Botânico do Porto, é um bom exemplo de como esta bromélia
está capaz de sobreviver a condições extremas do clima sentido no litoral de
Portugal continental. Apesar de não ter uma apresentação tão saudável quanto
desejável, resultado do desprezo em que se encontra naquele jardim, a Vriesea gigantea pode ser plantada em
lugares onde não se registam geadas sem grande protecção de outras plantas. Um
canteiro razoavelmente exposto está indicado para o seu cultivo, sobretudo se
este receber sol directo durante uma parte do dia.
Em cima e em baixo, imagens de Vriesea gigantea no seu habitat natural.
A primeira foto ilustra um exemplar que cresce em altitude, sobre uma árvore a
cerca de 2100 m. Na natureza são quase na sua totalidade plantas epífitas e
preferem ramos ligeiramente ensolarados. A segunda fotografia, não do autor,
mostra uma colónia numerosa em que as plantas competem pela luminosidade e por
espaço para se desenvolverem como epífitas.
Em cima e em baixo, fotos do site
http://sites.google.com/site/florasbs/home
que demonstram o habitat natural desta espécie na região de São Bento do Sul,
no estado de Santa Catarina, no sul do Brasil.
Em baixo, uma situação pouco
comum na natureza em que exemplares desenvolveram-se como plantas terrestres.
Registo não do autor.
Uma
característica desta espécie é a variedade de formas que os exemplares podem
apresentar consoante as condições ambientais e ecológicas onde se encontram. Desta
maneira, a identificação fica dificultada e é necessário observar com muito
detalhe as características que descrevem estas plantas, para que não restem
dúvidas. Nas fotos seguintes, exibo algumas formas que comprovam como o aspecto
de uma Vriesea gigantea pode ser tão
dissemelhante de outra. São 3 imagens, não do autor, de exemplares fotografados
no meio natural e que de acordo com a exposição solar adquirem dimensões e
formas foliares distintas.
Salto das Águas, Santa Catarina,
sul do Brasil. (Foto não do autor)
Foto não do autor registada no
Rio Grande do Sul, o estado mais meridional do Brasil.
Foto não do autor registada em Santa
Catarina, Laurentino, Serra Fruteira, sul do Brasil.
Belíssimo exemplar de Vriesea gigantea, cultivado em vaso no Jardim Botânico de São Paulo. Esta é a forma mais comum desta espécie e a mais encontrada nos viveiros em Portugal. Foto do autor de 2008.
Uma
parede voltada a sul promete as melhores condições ecológicas para o
desenvolvimento pleno desta planta, já que protege-a dos ventos intensos de
norte e absorve o calor diurno que liberta durante a noite, evitando a formação
de geadas.
Na
região metropolitana de Lisboa, até cerca de 5 km de distância do mar para o
interior, pode optar por cultivar esta bromélia como epífita, forma como
vulgarmente cresce no seu ambiente natural. Escolha ramos de árvores bem
formados e não expostos a correntes de ar forte. A exposição filtrada que
receberá será muito benéfica para a planta e o efeito paisagístico extremamente
belo. Não fertilize as plantas. Deixe-as obter os nutrientes que precisam de
forma natural, por meio dos detritos que se depositam no centro da urna.
Portanto, não terá que se preocupar se a colocação da planta em altura num ramo
ou pendurada numa parede for demasiado inacessível. As informações relativamente à atribuição na escala
elaborada pelo USDA [1] para esta planta atribuem-lhe a zona 10a (de -1,1º C a 1,7º C) com
comentários de particulares e alguns investigadores a assegurar que exemplares
suportaram temperaturas até -6º C durante algumas horas. [2] Na realidade,
estes valores tão baixos reportam-se a situações de frio seco e sem se
verificar geada. Quando a formação de geada ocorre, as plantas suportam valores
ambientais de temperatura até os 3,5º C sem serem grandemente afectadas.
Poucos
estudos têm sido feitos reportando-se à capacidade desta espécie em suportar
condições de frio e geada. Resultam, principalmente, de opiniões geradas por
experiências de jardineiros amadores e horticultores que produzem esta bromélia
com fins comerciais. Não deixam de ser muito válidas e contributivas para
elaborar uma caracterização assertiva e descritiva sobre o comportamento da Vriesea gigantea relativamente às baixas
temperaturas.
_____________________________________
1. USDA ou United States Department of Agriculture, através do departamento de pesquisa agrícola elabora anualmente uma carta onde assinala as zonas climáticas divididas por classes ou categorias. Servem de referência para o cultivo das espécies numa determinada localização, sempre baseado nos registos de temperaturas mínimas absolutas colhidas num período específico. A carta tem uma escala dividida em 12 zonas que por sua vez são subdivididas em classe ‘a’ e ‘b’.
2. http://fcbs.org/articles/ColdHardyBroms.pdf Tom WOLFE, Tom; KAHL, Cold Sensitivity of Some Bromeliads http://fcbs.org/articles/cold_sensitivity_of_bromeliads.htm Jenkins, Dale W., Sarasota Bromeliads Society
2. http://fcbs.org/articles/ColdHardyBroms.pdf Tom WOLFE, Tom; KAHL, Cold Sensitivity of Some Bromeliads http://fcbs.org/articles/cold_sensitivity_of_bromeliads.htm Jenkins, Dale W., Sarasota Bromeliads Society
A
polinização é descrita pela generalidade dos botânicos como sendo feita por
colibris. No entanto, uma hipótese de esta espécie ser polinizada por morcegos
tem avançado como sendo a mais correcta. Seja como for, a Vriesea gigantea ao florescer em Portugal não irá produzir sementes
férteis uma vez que não existem os dois animais anteriormente referidos com
essa função, no nosso país.
Um factor determinante é a localização quando preferimos plantar o exemplar num canteiro ao nível do solo. O terreno não é todo semelhante e podem surgir zonas onde bolsas de frio se desenvolvam com maior facilidade e se mantenham a ponto de formar geada. Este perigo deve ser evitado, o terreno bem analisado e estudado antes de definir o local exacto onde escolher plantar a sua planta. De um modo geral, os locais mais elevados do terreno são mais expostos e menos atreitos à formação das bolsas de ar frio. Por outro lado, nestes locais mais elevados deverá ter em conta que as correntes de ar frio são nefastas e deverão ser forçosamente evitadas. A copa de árvores ou arvoredo denso protegerá os exemplares da geada. Uma prática interventiva na protecção das plantas é cobri-las com uma manta térmica quando se prevê geada forte. Muitas opiniões têm sido publicadas sobre a rega ou abstinência de água, durante estes períodos de frio intenso. Nada de conclusivo tem sido apontado. No entanto, no estado da Flórida é prática comum regar sempre que as temperaturas baixam fortemente e os resultados parecem ser muito satisfatórios. Assim defendem que a água mantida no centro da bromélia age como isolamento na base das folhas, protegendo esta parte da planta, permitindo que lance rebentos laterais no futuro. [3] Outros autores defendem que regar sobre plantas cobertas de gelo resulta, quase sempre, na sua morte. Mas nem todos os processos parecem eliminar a planta por completo, já que, mesmo depois de severamente afectada pela geada, as bromélias têm uma capacidade enorme em recuperar e desenvolver rebentos laterais que assegurarão a sua sobrevivência. Estes irão substituir a planta central e renovar o aspecto geral da planta. É tudo uma questão de paciência e de escolha em manter o exemplar pouco atraente por mais algum tempo. A recompensa pela espera é certa e interessante de assistir à regeneração da planta afectada.
Um factor determinante é a localização quando preferimos plantar o exemplar num canteiro ao nível do solo. O terreno não é todo semelhante e podem surgir zonas onde bolsas de frio se desenvolvam com maior facilidade e se mantenham a ponto de formar geada. Este perigo deve ser evitado, o terreno bem analisado e estudado antes de definir o local exacto onde escolher plantar a sua planta. De um modo geral, os locais mais elevados do terreno são mais expostos e menos atreitos à formação das bolsas de ar frio. Por outro lado, nestes locais mais elevados deverá ter em conta que as correntes de ar frio são nefastas e deverão ser forçosamente evitadas. A copa de árvores ou arvoredo denso protegerá os exemplares da geada. Uma prática interventiva na protecção das plantas é cobri-las com uma manta térmica quando se prevê geada forte. Muitas opiniões têm sido publicadas sobre a rega ou abstinência de água, durante estes períodos de frio intenso. Nada de conclusivo tem sido apontado. No entanto, no estado da Flórida é prática comum regar sempre que as temperaturas baixam fortemente e os resultados parecem ser muito satisfatórios. Assim defendem que a água mantida no centro da bromélia age como isolamento na base das folhas, protegendo esta parte da planta, permitindo que lance rebentos laterais no futuro. [3] Outros autores defendem que regar sobre plantas cobertas de gelo resulta, quase sempre, na sua morte. Mas nem todos os processos parecem eliminar a planta por completo, já que, mesmo depois de severamente afectada pela geada, as bromélias têm uma capacidade enorme em recuperar e desenvolver rebentos laterais que assegurarão a sua sobrevivência. Estes irão substituir a planta central e renovar o aspecto geral da planta. É tudo uma questão de paciência e de escolha em manter o exemplar pouco atraente por mais algum tempo. A recompensa pela espera é certa e interessante de assistir à regeneração da planta afectada.
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3.
http://fcbs.org/articles/ColdHardyBroms.pdf KAHL, Tom; WOLFE, Tom, Cold Sensitivity of
Some Bromeliads.
Muitos
cultivares produzem flores que variam de vermelho a amarelo e são capazes de
produzir rebentos laterais que substituirão a planta mãe, a qual morrerá após a
floração. Mantenha-os sempre agarrados à planta principal e espere que esta
desapareça por completo até que os possa replantar. Mais tarde serão listados
os cultivares e variedades mais conhecidas no mercado e pormenores descritivos
sobre cada um.
Esta
formidável espécie tem por norma entre 15 a 30 cms de altura e até 90 cms de
largura. Todavia, existem exemplares que poderão atingir dimensões maiores em
Portugal, sobretudo nos climas do sul do país. Não será necessário aventurar-me
muito pelos conselhos sobre o cultivo desta espécie em particular, como
qualquer outra da família das bromeliáceas, uma vez que se trata de plantas
bastante autónomas e fáceis de manter. O factor principal é, sem dúvida, a
luminosidade e de acordo com a intensidade solar, cada planta irá florir ou
não. As suas folhas também terão um crescimento diferente consoante a
quantidade de luz solar que receberem. As folhas devem apresentar uma forma
compacta, larga e rígida, com um padrão ou desenho visível. As plantas cujas
folhas apresentam um verde mais intenso, suportam melhor ambientes sombrios
enquanto aquelas com folhas plenas de padrões ou acinzentadas, suportam melhor
sol directo. O disformismo nesta espécie é muito evidente e consoante as
condições ecológicas onde as plantas são cultivadas, a sua apresentação pode
variar. Se a planta for colocada num local sombrio tende a mostrar apenas uma
cor única de verde e, quanto mais sombrio for o local, mais lanceoladas serão
as suas folhas. Estas poderão mesmo tornar-se demasiado esguias, curvas e
flácidas. A flacidez faz a planta tombar e torna-se disforme na formação da
roseta central, parecendo desequilibrada.
Foto do autor de um exemplar de Vriesea gigantea, que se encontra no
Jardim Botânico do Porto. Abril de 2010. A falta de luminosidade durante o
Inverno não prepara a planta para apresentar um desenvolvimento normal da sua
roseta. As folhas perdem rigidez e o sol intenso de Verão, não se revela
suficiente para compensar a deficiência sentida durante os meses com menor
intensidade solar.
Em
baixo, uma foto não do autor, em que podemos apreciar um esplêndido exemplar no
seu ambiente natural. A densidade das copas das árvores circundantes não
permitem que a planta cresça com folhas compactas e curtas, como geralmente nos
habituámos a ver nos viveiros e centros de jardinagem. Por outro lado, nestas
circunstâncias as folhas têm uma durabilidade menor e formam uma saia na base
que se mantém por bastante tempo.
Em conclusão, escolha um local soalheiro de
preferência nas horas matinais ou ao entardecer, durante todo o ano. Uma boa
localização soalheira durante o período frio do ano é fundamental para manter a
planta saudável e resistente às baixas temperaturas. Por outro lado, o sol
forte de Verão pode causar queimaduras nas suas folhas de uma forma
irreversível, pelo que deve ser evitado plantando a planta debaixo de uma copa
larga de uma árvore de folha perene. Em qualquer ponto do litoral de Portugal
continental, pode cultivar esta espécie, como já foi referido. Todavia, não se
esqueça de retirar as folhas em demasia que poderão tapar a roseta da bromélia,
se esta for plantada junto ou debaixo de uma árvore de folha caduca. Os
pinheiros, bastante apreciados por esta espécie, merecem particular atenção, já
que produzem muita queda de caruma. As grandes quantidades podem acumular-se na
urna de forma perigosa e fragilizar a planta por sombreamento, principalmente
durante o Inverno. Acautele os exemplares nestas circunstâncias.
Outro cuidado importante é oferecer uma boa
circulação de ar aos exemplares sem expô-los demasiado às correntes de ar frio.
É preferível um local arejado ou mesmo ventoso que um local totalmente
abrigado, onde a formação de geada ameaça a sobrevivência da planta. No
Inverno, o vento frio pode danificar as pontas das folhas mas não causará a
morte da planta. A presentação não será, certamente a mais atraente, contudo a Vriesea
gigantea tem uma notável capacidade de se regenerar e recuperar rapidamente
logo que a temperatura comece a aumentar. Não receie tanto um cenário de muito
frio se este for relativamente seco. A combinação de humidade com baixas
temperaturas é que poderão levar à podridão dos exemplares e assim,
seguramente, verá as suas plantas perderem-se sem solução possível. A circulação
de ar previne este episódio.
O composto indicado para as Viresea gigantea
cultivadas como epífitas, deve ser enriquecido com húmus, turfa e musgo. Uma
vez preparada a mistura não será necessário mudar a planta até ao fim do seu
ciclo de vida. Recolherá todos os nutrientes de que precisa através da urna. Se
pretender colocar a sua planta como epífita numa árvore, pode manter o vaso e
revesti-lo enrolando fibra das bases das folhas de Phoenix canariensis
ou cobrindo o plástico com musgo preso com fio de nylon. É somente uma
questão de estética a fim de esconder o material artificial do vaso que
queremos conservar. Se pretender retirar o vaso, forme uma cama com folhas de qualquer
tipo de palmeira ou bananeira secas e coloque por cima musgo, esfagno, turfa e
folhas decompostas. Em seguida retire a bromélia do vaso e sem amachucar as
raízes, deite a planta sobre a cama que acabou de preparar. Enrole, com
cuidado, forçando as folhas de palmeira ou bananeira a ganhar a forma do bolo
de raízes da bromélia e ate com arame muito fino especial para trabalhos
manuais ou fio de nylon. Aperte com firmeza pois a cama deverá ficar bem
presa e resistente ao vento e à força da chuva. Qualquer das duas opções
servirão para dispor o exemplar como epífito numa árvore ou sobre uma parede.
Em qualquer dos casos lembre-se que durante o Verão tem de manter o composto
sempre húmido, já que nestas condições, tende a ressecar com extrema rapidez.
No seu ambiente nativo, nas florestas da mata atlântica do Brasil, a época das
chuvas coincide com o Verão e por essa razão, o período de crescimento da
planta dá-se com o aumento da temperatura e da humidade. Um quadro que não se
verifica em Portugal senão nas regiões litorais a norte do cabo carvoeiro. A
sul deverá proporcionar bastante humidade às suas bromélias se as cultivar como
epífitas. Outra solução é o recurso a bolsas de fibra de coco disponíveis no
mercado muito maleáveis e fáceis de adaptar à forma dos ramos ou da parede que
escolher. Repare na proposta da imagem em baixo:
Neste
caso são cultivados exemplares de Phalaenopsis sp. em cestos de fibra de
coco comprimido e endurecido. De acordo com o gosto pessoal de cada um, terá
muitas alternativas de cultivar as suas Vriesea gigantea como epífitas.
Foto do autor de 2009. Em baixo, uma outra solução para o cultivo de Oncidium
flexuosum com musgos e folhas decompostas. Foto do autor de 2007.
Em
baixo, foto de 2007 do autor onde se pode perceber como se colocam os
exemplares mantidos dentro dos respectivos vasos. A opção de cobri-los com
qualquer efeito decorativo fica ao critério do gosto pessoal.
Se pretender plantar o seu exemplar directamente no
solo ou num canteiro, vaso decorativo de grande dimensão ou floreira, retire-o
do vaso original e deposite a planta numa mistura com excelente drenagem. Este
factor é determinante para a sobrevivência de qualquer bromélia. Nestas
condições os exemplares terão oportunidade para atingir grandes dimensões e
florir. Aconselho conservar a planta no vaso de origem se desejar cultivar em
espaços abertos no solo. Qualquer que seja a dimensão da planta, o seu sistema
radicular não irá desenvolver por se encontrar livremente na terra, já que este
apenas serve para manter a planta firme. Neste sentido é mais vantajoso
aproveitar a resistência do vaso, o qual evita que o exemplar tombe por causa
da movimentação do terreno.
Em
cima, o meu mais antigo exemplar de Vriesea gigantea, cultivado num vaso
de cerca de 40 cms de diâmetro, fotografado de 2006. Em baixo, no ano de 2012,
o mesmo exemplar ainda se encontra no mesmo vaso, enquanto a planta atingiu
dimensões consideráveis a ponto de cobri-lo por completo com a saia formada por
folhas entretanto mortas. Fotos do autor.
O peso que certos exemplares atingem pode perigar a
sua estabilidade enquanto cultivados em vasos, geralmente pequenos, pelo que
deverá escolher recipientes mais consistentes, como o barro, grés, ferro ou
pedra, materiais que asseguram a posição da planta.
O terreno deve ser deixado secar ligeiramente antes
de cada rega, pois os intervalos beneficiam o crescimento da bromélia sobretudo
durante o Inverno. Dado que esta espécie acumula água no seu reservatório,
permite-lhe suportar épocas de secura bastante alargadas. O ideal seria manter
o ambiente bem húmido durante o Verão e relativamente seco no Inverno. Como em
todo o território português, onde a Vriesea gigantea se permite ser
cultivada ao ar livre, apresenta características exactamente opostas às ideais,
a apresentação da planta poderá ser difícil de manter. Embora, de uma forma
geral, seja muito tolerante à falta de água, os efeitos da seca tornam-na muito
pouco atraente e merece a pena ficar atento às necessidades de reposição de
água no interior da urna. É por meio das suas folhas que a água é absorvida,
pelo que a urna terá de conter água em permanência. Na natureza, esta espécie
tem um comportamento epífito, crescendo sobretudo em árvores que lhes servem de
hospedeiro. Não tem nenhuma acção parasitária sobre as plantas onde se
desenvolve uma vez que necessitam somente de outros seres vegetais de porte
elevado a fim de chegarem ao topo da copa das árvores, para beneficiar de maior
luminosidade. Adaptaram-se eficazmente aos períodos secos, entre as chuvas, por
meio da sua forma em roseta que permite à planta recolher água e mantê-la como
depósito. Sem acesso directo ao solo onde a maior parte das plantas retira a
humidade, as bromélias usufruem do seu reservatório de água para sobreviver
nestas condições.
A maioria das bromeliáceas são compradas pela sua haste floral mas no caso da Vriesea gigantea as plantas são comercializadas pela sua folhagem exuberante e roseta simétrica. Contudo, os exemplares, quando cultivados convenientemente, chegam a florir, situação que determina o fim do seu ciclo de vida. Perduram bastante tempo, por vezes mais de dois meses, findo os quais a planta inicia o seu declínio e acaba por morrer, não sem antes deixar rebentos laterais que crescem a partir da base das suas folhas. Estas pequenas plantas podem ser separadas da planta mãe depois do desaparecimento desta, cortando a ligação que os une à planta principal através de uma faca afiada e de serrilha. A floração é muito variável nas plantas cultivadas nas condições climatéricas de Portugal continental e poderá demorar entre 6 a 8 anos. Quando os rebentos laterais não são separados da planta principal, irão desenvolver-se com menos vigor. A concorrência entre cada planta, pelo pouco espaço disponível, não permite a formação correcta da roseta central e poder-se-á, inclusivamente, dar-se o caso de florir antes do tempo habitual. Nesta circunstância, o conjunto de pequenas Vriesea gigantea tendem a produzir folhas mais esguias ou estreitas, arqueadas e levemente levantadas, parecendo-se com uma Guzmania ligulata, nas mesmas condições. A foto completa estas explicações com informações ilustradas.
Em cima, um exemplar fotografado pelo autor no Jardim Botânico de Porto Alegre, no sul do Brasil em Março de 2012, durante o Inverno no hemisfério sul. Esta colónia de Vriesea gigantea teve origem numa única planta, entretanto desaparecida. Por não ter sido devidamente tratada, os rebentos laterais tiveram um desenvolvimento atrofiado causado pela competição pelo espaço.
Este é
o meu exemplar fotografado em Agosto de 2006, um ano depois de ter sido
comprado, curiosamente no Ikea. A planta chegou à minha colecção com cerca de 40
cms de diâmetro. Em baixo, o mesmo exemplar, em Maio de 2012. Comecei por
cultiva-lo em Caxias, o qual atravessou Invernos particularmente frios e acabou
por florir num jardim em Lisboa, onde a temperatura é mais constante e menos
baixa.
Nesse
ano, a planta atingiu a maturidade e a haste floral começou a despontar.
Apresentava 1 m de diâmetro e uma altura de 60 cms. Fotos do autor.
Um mês
depois a haste estava em rápido crescimento. Julho de 2012. Foto do autor.
Em
baixo, a Vriesea gigantea no final de Julho de 2012.
No início
do mês de Agosto com a haste ostentando flores já formadas. A altura do
exemplar chega a 1,5 m e a haste mede 90 cms.
Compare
a notável dimensão das hastes florais destes dois exemplares. Em cima, a planta
da colecção do autor e em baixo, um exemplar da colecção do Jardim Botânico de
São Paulo. Foto do autor de 2008.
Em
baixo, fotos não do autor, em que se aprecia o detalhe da flor de cor
amarelo-forte.
Em baixo,
foto do autor com pormenor da flor da Vriesea gigantea,em 2012.
Listo, agora, os nomes dos cultivares mais comuns
no mercado. Existem inúmeras designações para vários cultivares e a informação
disponível à cerca destas variedades é muito confusa. No meu ponto de vista, o
mais importante é saber identificar um exemplar de Vriesea gigantea,
independentemente do seu cultivar uma vez que todos são resistentes às condições
climáticas do litoral de Portugal continental. Portanto, as plantas que existem
no mercado português são apropriadas para o cultivo no exterior, nas zonas já
mencionadas. Somente por uma questão de curiosidade ou detalhe importa conhecer
o nome do cultivar.
• Vriesea 'Casper'
• Vriesea 'Daintree Forest'
• Vriesea 'Debra Jones'
• Vriesea
'Elfi'
• Vriesea 'Goblin'
• Vriesea 'Green Jade'
• Vriesea ‘Green
Nova’
• Vriesea 'Jolly Green Giant'
• Vriesea 'Lavender Lady'
• Vriesea 'Lemon Lime & Bitters'
• Vriesea 'Majestic Beauty
• Vriesea 'Mint Julip'
• Vriesea 'Mint Julip'
• Vriesea 'Mortfontanensis'
• Vriesea 'Nova'
• Vriesea 'Painted Canyon'
• Vriesea 'Roberto Kautsky'
• Vriesea 'Robusta'
• Vriesea 'San Miguel'
• Vriesea 'Snow In Summer'
• Vriesea 'Snowman'
• Vriesea 'The Daintree'
• Vriesea 'Wyee Point'
• Vriesea
'Zapita'
• Vriesea
gigantea cv. ‘Giant x platynema’
• Vriesea gigantea x erythrodactylon
• Vriesea gigantea x poenulata
Vriesea
gigantea var. seideliana 'Nova' designação
errada para V.gigantea cv.
‘Nova’.
As suas folhas ostentam um padrão de linhas e
manchas escuras sobre um fundo verde vivo. A página inferior é rosada e as
folhas hirsutas ou rígidas e levemente levantadas. Apresenta também folhas
cerosas e por vezes a cor varia até o verde azulado. Manchas cor de marfim
caracteriza este cultivar. Alguns exemplares chegam a atingir dimensões muito
grandes e produzem uma haste floral até 1m de altura. As flores amarelas com
forma tubular abrem de noite. Geralmente, depois de florir, produz muitos
rebentos laterais que asseguram a continuidade da planta principal que acabará
por desaparecer entre 6 a 12 meses. É talvez o cultivar mais frequente nos
centros de jardinagem em Portugal. Tem um período de vida prolongado até cerca
de 7-8 anos.
Vriesea gigantea cv. 'Mint
Julip'
Vriesea gigantea cv. ‘Giant x platynema’
Uma variedade de porte médio a grande com folhas
verde luminoso, cuja base e pontas apresentam um tom escurecido muito atraente.
A haste floral tem um tom avermelhado, castanho e as flores são amarelas.
Vriesea gigantea x erythrodactylon
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Vriesea gigantea x poenulata
Vriesea ‘Green Nova’
Todas as
fotos que se seguem ilustram as várias apresentações da espécie Vriesea gigantea, com diferenças
notórias mas sem fundamento para determinar uma variedade desta espécie. Não obstante
algumas fotografias estarem legendadas com o nome de uma variedade atribuída,
essa designação está considerada errada. Com estes exemplos, explico como é
interessante conhecer os diversos padrões de folhas, apesar de poder causar
confusão no momento de o identificar.
A foto seguinte ilustra um
cultivar novo cujas pontas das folhas são graciosamente enroladas. Foto não do
autor.
A finalizar
uma anotação sobre as semelhanças que alguns exemplares de Vriesea gigantea podem demonstrar com a Alcantarea glaziouana. Enquanto planta jovem e cultivada à sombra
também a Alcantarea imperialis poderá
levantar dúvidas, dado que as suas folhas tendem a parecer com a Vriesea gigantea: esguias, verde intenso e lanceoladas. Veja na imagem seguinte como
a aparência das 3 espécies nos leva a confundir no momento da sua identidade.
Alcantarea
imperialis ao
fundo e em primeiro plano e à direita um exemplar de Vriesea gigantea. Foto do autor no Palmgarten, Jardim Botânico de Frankfurt em 2007. Em baixo,
facilmente somos levados a considerar o exemplar da direita como Alcantarea glaziouana. Contudo, trata-se
de uma Vriesea gigantea. Foto do
autor no Palmgarten, Jardim Botânico
de Frankfurt em 2007.
Em baixo, um belo exemplar de Alcantarea glaziouana, foto do autor de
um jardim particular no Rio de Janeiro em 2007. Repare como as espécies A. glaziouana e a Vriesea gigantea podem ser bastante parecidas.
As imagens em baixo, ilustram um exemplar de Vriesea gigantea, cultivado num local bastante sombreado pelo que a planta toma uma forma muito semelhante à Alcantarea glaziouana. A primeira fotografia é de Janeiro e a segunda de Setembro de 2007. Registos do autor, no Jardim Botânico do Porto.
Etimologia:
O género
foi nomeado em homenagem ao médico e botânico holandês Willem Hendrik de Vriese
(1806-1862). Gigantea é a designação em
latim para grande.
Referências
bibliográficas:
Forzza,
R.C., Costa, A., Siqueira Filho, J.A., Martinelli, G. 2010. Bromeliaceae in
Lista de Espécies da Flora do Brasil.
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB006472
STEENS, Andrew; Bromeliads for the Contemporary Garden
http://fcbs.org/articles/ColdHardyBroms.pdf
(KAHL, Tom; WOLFE, Tom, Cold
Sensitivity of Some Bromeliads.)
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